Inovador nato, o designer Eugeni Quillet é o cara da vez
O designer espanhol fala sobre suas criações e a nomeação de designer do ano pela Maison & Objet
Nomeado o designer do ano pela Maison & Objet de 2016, o catalão Eugeni Quitllet não esconde o entusiasmo. “Sinto-me honrado, pois é um prêmio conectado às principais novidades”, diz. Aos 43 anos, ele é dono de uma obra consistente, na qual revela suas inspirações, vindas da natureza e da tecnologia, em itens de plástico, acrílico e alumínio. Para a feira, que acontece no fim do mês em Paris, ele promete peças em 3D.
Como é ser nomeado Designer do Ano pela Maison & Objet?
Me sinto muito bem e muito feliz. Essa é uma das nomeações mais oficiais e o prêmio é muito conectado com tudo o que acontece hoje em dia, acredito que é por isso que é tão importante. É bom para mim, para o meu escritório e para quem trabalha comigo. Ano passado eu estava em Miami quando teve a primeira nomeação de um Designer do Ano pela M&O e não se passava pela minha cabeça que eu poderia ganhar este prêmio algum dia.
Você acredita no plástico e no acrílico como materiais mais democráticos? O que mais gosta neles?
O plástico costuma ser o melhor material em termos de preço e, além disso, tem características muito boas por ter a habilidade de se transformar em várias maneiras e ser algo que dura por anos e anos. Nos trabalhos que faço com a Kartell, por exemplo, tenho a ideia que é preciso ser muito consciente ao trabalhar com esse suporte, é preciso enxergar à frente dele para pensar em seu uso, que não seja apenas algo para se usar uma vez e acabou. Para mim, o design tem que estar conectado com a indústria e com as pessoas.
Por quê?
Acredito que o design é uma maneira de levar a arte para todos de uma maneira produtiva, é um casamento entre a arte e a indústria – criado de tal forma que pode ser feito em grande escala. Se existe algo bonito, ele deve poder ser visto e usado por todos.
Outro material que também uso muito é o alumínio, porque ele é leve, praticamente flutua, e você pode o transformar em blocos e depois ser cortado em outras formas. Estou desenvolvendo um projeto que vou apresentar na Maison em Janeiro com CNC, um tipo de impressão e recorte feitos por robôs, produzido em Santa Barbara, nos Estados Unidos, que são experts nessa técnica. É um processo muito inspirador.
Na sua coleção Bum-Bum para a Vondom, o sofá Bum-Bum tem um desenho muito orgânico pode ser plugado digitalmente ao sistema Bluetooth para tocar músicas. O que você acha da ideia de mobília inteligente?
Acho incrível poder desenvolver este tipo de coisa. Tudo está evoluindo, então o mobiliário também pode evoluir. É um sofá, mas que vai para a área externa e também é um instrumento musical que você pode interagir, sentar e sentir a vibração da música com seu próprio corpo.
Você tem a cadeira Cloud-io e o vaso Vas-o, nos quais é nítida a sua inspiração na natureza. Ela é uma fonte corrente de ideias para você?
Gosto de pesquisar e encontrar soluções na tecnologia, mas a natureza é a mais bela forma de tecnologia que podemos ter. Nossos corpos são feitos de tecnologia, suas moléculas, etc. É importante olharmos o design se encontrando entre a tecnologia e a natureza. Por exemplo, olhar para ela e para o plástico e torna-lo mais natural e precioso novamente. Uma de minhas criações, a Tabu chair, é metade de madeira orgânica e metade de plástico, como se o plástico fosse uma extensão da madeira. Acho divertido pensar nessas dimensões.
Você criou em parceria com Philippe Starck a icônica cadeira Masters (que combina os desenhos das cadeiras Series 7, Tulip e DSW). Se você pudesse fazer uma colaboração com os Eameses ou com Saarinen ou com Arne Jacobsen, quem você escolheria?
Essa é uma boa pergunta! Hoje em dia eu escolheria os Eameses. Eles foram ótimos em todas as suas invenções. E não só no campo do design, mas em várias outras áreas, em que usavam uma linguagem muito europeia de criar e educar. Eles tiveram muitas pesquisas sobre educação e como ensinar coisas. Fora isso, suas cores, suas texturas, tão presentes no mobiliário me encantam. O design deles continua muito atual.
Me lembro de uma vez que estava em São Francisco e me disseram que eu tinha um pouco de traço dos Eameses e que eu deveria ir visitar a casa deles, que fica a pouco mais de cinco horas dalí. Era o dia que eu voltava para Paris e tinha pouquíssimo tempo, mas peguei um carro, atravessei a Golden Gate e cheguei à casa, que é brilhante como eles. Na volta, quase perdi o voo – mas teria sido um voo muito bem perdido. Foi uma experiência incrível poder conhecer melhor a obra deles desta maneira.
Desenvolvida para a Vondom, a luminária de piso Bloom (88 cm x 1,90 m*) remete ao desabrochar de uma flor.
Pendente Light Air (12,7 x 17,7 cm*), da Kartell.
Também da Vondom, a mesa Mari-Sol (59 ou 69 cm de diâmetro) faz par com a cadeira Wall Street (56 x 48 x 80 cm**).
A Tabu Chair (43,5 x 43,5 x 88 cm**) mescla madeira com acrílico.
Foi criada com Philippe Starck para a Driade a Lou Read Chair (70 cm x 76 cm x 1,20 m**).
Já o sofá Bum-Bum (2,44 m x 1 m x 79 cm**) conecta-se, via bluetooth, a dispositivos de áudio. Também da Vondom.