Esta luminária parece feita de papel de amassado
Ela não é de papel, mas sim de plástico biodegradável. O melhor de tudo: dá para amassar ainda mais
É só amassar a Proplamp e pronto: a luminária, desenhada pela dupla holandesa Margje Teeuwen e Erwin Zwiers, transforma- se. Feita de um plástico biodegradável, que se assemelha a um papel amarrotado, a peça acaba de ganhar as versões de piso e parede também com cúpulas remodeláveis. “A interação é um dos pontos altos da linha”, diz Erwin. “As pessoas gostam desse caráter mutável.”
Como surgiu a colaboração entre vocês dois e a ideia de criar uma luminária customizável?
É uma historia engraçada. Em 2012, eu estava trabalhando com uma nova ideia, com um novo tipo de material, que não era tecido, um tipo de papel reciclável muito bom para iluminar. Descobri que com esse material eu poderia modelar cada luminária de uma forma. No inicio, foram só experimentos, que acabaram rendendo essa coleção de luminárias. Na época, surgiram várias oportunidades de parcerias, mas ao descobrir que Margje Teeuwen estava trabalhando num projeto parecido com papel, resolvi procurá-la para conversarmos sobre um trabalho conjunto. Assim começou nossa parceria. O material que estamos usando agora é um tipo de plástico resistente e maleável (non woven), que não quebra, é resistente à radiação UV, reciclável e pode ser higienizado. Tudo isso faz dele um material super interessante de trabalhar.
A parceria renderá outros frutos além da Proplamp ou se restringe a essa linha?
É difícil afirmar, mas a colaboração entre eu e Margje está indo muito bem. No momento, estamos focados no projeto Proplamp para se tornar uma marca forte. Atualmente, a Proplamp está consumindo muito tempo e energia.
Quanto tempo levou para desenvolver o conceito da Proplamp?
Acabamos de apresentar a versão de piso na Dutch design week, a na semana de design holandesa em Eindhoven. Já a de parede, demorou bastante tempo, pois fizemos muitos testes, pelo menos 6 meses, para desenvolver o novo produto com todos os detalhes, como a base de madeira natural ou com acabamento preto. Foi um longo processo, mas estamos satisfeitos com o resultado final.
Quantos produtos tem a linha Proplamp?
O pendente, a luminária de piso, a de parede e, em breve, a versão com estampas. Nós temos algumas ideias legais para fazer impressões sobre o material, mas isso será só para depois.
A interatividade é um dos pontos fortes do desenho?
Sim, as pessoas gostam muito dessa interação. Depois que você conta que elas podem definir a sua própria luminária moldando a forma e criando sua própria iluminação, elas realmente se interessam muito. Isso é possível com todas as luminárias da coleção. Depois da semana de design Holandês, percebemos que temos um produto com conceito forte e várias possibilidades.
Qual é o valor das peças?
Depende, nós estamos vendendo agora na Holanda e também enviando para outros países europeus. Na Holanda, por exemplo, o preço inicial do modelo de piso é de 595 euros, a média custa 695 euros e a grande 895 euros. O pendente, disponível em vários tamanhos, tem preços variados: 320 euros (60 cm de diâmetro), 427 euros (90 cm de diâmetro), 799 (1,20 m de diâmetro) e 1 199 euros (1,50 m de diâmetro. Claro, o envio para o Brasil terá o acréscimo do custo do frete.
É possível enviá-las para o Brasil?
Sim, mas estamos em contato com uma loja de São Paulo para uma futura parceria. Eu fiz uma viagem no ano passado para o Brasil e fiquei apaixonado pelo país e pelas pessoas. Adoraria vender as luminárias aí.
O que influencia a sua produção?
É sempre uma questão de experimento com o material, eu tenho que achar algo nele que chame minha atenção. Ele tem de me provocar um sentimento intenso, despertar meu interesse de alguma forma. Eu nunca olho o material de maneira comercial, pensando na venda fácil, busco experimentos e formas bacanas. Tudo sempre começa com as minhas mãos, penso com as mãos, parece um pouco louco dizer isso, mas se você tentar deixar a sua mão falar, você poderá ter formas interessantes. Também uso a intuição, ela é muito importante para mim.
Existe algum designer ou artista que o tenha influenciado de alguma forma?
Definitivamente, existem pessoas que estão fazendo trabalhos fortes e importantes. Os irmãos Campana. A obra deles é bastante lúdica. O modo como criam e lidam com os materiais me atrai bastante. Gosto também dos holandeses Maarten Baas e Pieke Bergmans – a originalidade dela me toca.
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Na sua opinião, qual é o valor máximo do design contemporâneo? O que não se deve perder de vista e o que deve ser evitado?
Essa é uma pergunta um pouco difícil, pois depende do que você está criando e que tipo de história você quer contar. Existem muitos designers que querem ajudar o mundo, dar um passo adiante e oferecer soluções importantes. Mas acho essencial também fazer coisas que deixem as pessoas felizes. Um pouco como a arte funciona. Às vezes, você não consegue dizer o que te atrai, mas tem algo ali que te atrai. Eu não sou um designer que pode salvar o mundo. Quero fazer coisas que façam as pessoas refletirem, que mexam com a sensibilidade e a emoção delas. Quero conectá-las ao objeto. Se elas tiverem algum vínculo com o produto, não irão descartá-lo facilmente. Caso contrário, será mais fácil jogá-lo fora e comprar um novo produto. Ter esse laço, criar algo com algum valor, é o mais importante para mim.
Você pensa em um público específico quando cria?
Eu nunca penso em alguém. Eu sempre tento fazer algo que acho importante, dessa maneira as pessoas irão apreciar o trabalho. No fim, o produto irá encontrar naturalmente o público ao qual ele pertence. Eu sempre tento fazer algo que é realmente importante para mim e que passe uma sensação positiva, de aconchego, que tenha energia boa.
Você acha que o design holandês tem alguma particularidade, algum diferencial em relação à produção de outros países? Talvez liberdade e ousadia?
Sim, eu acho que sim. Nós temos uma história não só em design, mas em desbravar o mundo. Os holandeses navegaram e descobriram o mundo, nem sempre da melhor maneira. Cometemos muitos erros na época da escravidão. Não tenho orgulho disso, mas existe algo em nossa cultura que é o poder de vender produtos e fazê-los da nossa maneira. Não temos medo dos erros, nós já descobrimos o mar, o oceano. Eu acho que a parte mais forte do design atual na Holanda é que não temos medo de inventar. Por exemplo, se você é um designer e tem uma ideia legal para fazer uma cadeira e vender, você não irá esperar pela pessoa certa que tem uma marca e irá vender seu produto. Se você quer vender o seu produto, você terá que achar uma maneira para isso, talvez você tenha que produzir por conta própria as cadeiras. Nós somos abertos a experimentos, não temos medo de arriscar e criar peças loucas. Mas olhe os irmãos Campana, eles também não têm medo, fazem o trabalho com tanta alegria e energia, conectam o design à cultura brasileira. Nós fazemos isso à nossa maneira.
Alguma exposição em vista?
Estamos preparando uma mostra na Itália.