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Entrevista com o grande arquiteto e designer italiano Andrea Branzi

Um dos principais nomes do design italiano, Andrea Banzi, revela os conceitos de seus trabalhos recentes e faz questionamentos teóricos acerca de sua produção.

Por Reportagem Luisa Cella | Fotos Anna Serena Vitale e Daniele Macchi
Atualizado em 26 Maio 2022, 15h37 - Publicado em 2 jul 2012, 16h34
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Quando Andrea Branzi iniciou a carreira, na década de 1960, o crescimento da cultura de massa alterava tradições de consumo e alimentava críticas à natureza do design, acessível somente às elites até então. Nesse contexto de mudanças, Branzi fundou, ao lado de outros profissionais, o estúdio Archizoom – grupo de vanguarda que defendia a produção em grande escala e valorizava as novas ideias propostas pela pop art. Foi nessa época, como ativista do movimento Radical Italiano, que Branzi determinou a maneira de conduzir sua atuação – dedicado primeiro às questões sociais e aos conteúdos teóricos para depois pensar nos resultados materiais. Ele manteve um trabalho importante de crítica, publicado em livros como Nouvelles de la Métropole Froide e Learning from Milan, e foi cofundador da Domus Academy, primeira escola internacional de pós-graduação em design. Apesar de colaborar com empresas como Allessi e Zanotta, grande parte da sua obra destinou-se às galerias. Nos últimos meses, expôs a série Trees na Carpenters Workshop Gallery, com peças feitas de materiais industriais e troncos de árvores, e apresentou a coleção Monoliti na Galleria Clio Calvi Rudy Volpi, em abril, durante a Semana de Design de Milão. Na entrevista concedida a CASA CLAUDIA LUXO, Branzi fala do momento atual, após quase cinco décadas de  trabalho, e de suas recentes criações.

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Seu trabalho recente, como a série Trees e a coleção Monoliti, foi exibido em galerias, em vez de showrooms. Você considera suas criações mais próximas da arte que do design?

Existem hoje muitas galerias especializadas em design, porque essa atividade não se resume apenas à criação de móveis em série. A produção de peças únicas ou em edições limitadas envolve pesquisa de linguagem e experimentação tecnológica. Além disso, até mesmo um quadro faz parte da decoração de um ambiente e ninguém se  surpreende se ele for exposto em um showroom de design.

Você se vê mais como artista ou como designer? O que acha da aproximação que vemos atualmente entre essas áreas?

Por tradição, a arte não deve ser tocada, enquanto o design é destinado ao uso. Meus protótipos são sempre objetos de uso, essa é a única diferença real. A atual aproximação deriva do fato de que a arte procura superar seu limite de produção de objetos exclusivamente estéticos para entrar na vida, e, por outro lado, o objeto de design está experimentando uma nova linguagem estética, não apenas industrial, e necessita de nova energia expressiva. Portanto, os limites começam a desaparecer. Mas esse me parece um problema muito acadêmico, já que o problema básico continua sendo o de uma nova qualidade de cultura na arte e no design.

Como nasceu a ideia da Monoliti? Podemos dizer que as peças são uma reverência ao classicismo ou ao estilo greco-romano?

O significado que atribuo a esses objetos é que eles são monolíticos, “monomatéricos”, monocromáticos e muito pesados. Eu não sei se isso pode ser interpretado como clássico, porque o classicismo não é apenas um estilo, mas uma atmosfera.

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Por que você escolheu o bronze e o gesso como os materiais para essa coleção?

Escolhi esses materiais porque eles não são utilizados no design. São materiais sonoros e opacos que possuem um carisma próprio que deve ser interpretado. Fazem parte da minha busca por uma nova “dramaturgia” na cultura do projeto: menos otimista, menos elegante, menos racional e mais perto de problemáticas antropológicas.

Como surgiu a ideia da série Trees? O que o inspira a inserir partes de árvores na mobília em contraste com materiais industriais?

Faz muito anos que uso em meus projetos ramos ou troncos de árvore de forma a interromper a linguagem autorreferencial do design. Esses fragmentos da natureza possuem uma grande carga expressiva. A absoluta singularidade e a indisponibilidade tornam cada um quase sagrado.

Quais conhecimentos novos você adquiriu ao compor as duas séries?

Os dois projetos caminham na direção de um aprofundamento antropológico da linguagem do design.

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O Radical Manifesto defendia a “Superarchitettura”, a arquitetura de superprodução, superconsumo e superindução ao consumo, você pensaria nisso hoje em dia?

Esse manifesto foi escrito em 1966 e teve origem na cultura pop e na sua capacidade de enxergar o mundo como ele realmente é, antes de julgar como ele deveria ser. Ainda hoje há a necessidade de um novo realismo que leve o design a se confrontar com os movimentos do século 21.

Você diria que existe uma vanguarda no design atual?

Hoje no design só existe a vanguarda, pois o conceito de normalidade desapareceu.

De modo geral, o que espera causar na sociedade com seus trabalhos?

Essa é uma questão ingênua, é como perguntar isso sobre a arte, a literatura, a música… São atividades desnecessárias, mas absolutamente indispensáveis.

Durante esse período, a que tipo de pesquisa você tem se dedicado?

Um novo realismo, uma nova dramaturgia, uma nova qualidade antropológica, mas isso não é um programa de trabalho, e sim o resultado espontâneo do meu humor e do meu trabalho intelectual, que antecedem o trabalho formal.

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