Conheça a casa “in natura” assinada por Vania Chene
“Quero que minha obra tenha o conforto de uma cadeira de balanço.” A frase do artista francês Henri Matisse sintetiza o projeto da arquiteta Vania Chene. Mais apegada às sensações do que aos objetos, ela criou um refúgio delicioso, mimetizado na simplicidade calma e serena da natureza que o cerca.
Oito alqueires de mata preservada, entre os municípios paulistas de Itapecerica da Serra e de São Lourenço da Serra, fisgaram o coração da arquiteta Vania Chene e de seu marido, o artista plástico Carlos Fajardo. “Há 50 minutos de nossa casa em São Paulo, o lugar tem tudo com que sonhamos para uma morada de lazer: perto, mas com um visual radicalmente diferente da selva de prédios que nos cerca”, conta Vania. Ferir o equilíbrio natural com uma construção volumosa estava fora dos planos do casal. Um dia, durante a reforma de uma chácara, Vania deparou com o belo telhado da garagem que iria ser demolida. “Olhei para a estrutura de madeira de lei com telhas coloniais e cheguei à conclusão de que aquele era o tamanho ideal para a casa que pretendíamos ter, 13 x 6 m. O cliente concordou em me dar o telhado e assim começou nossa obra”, lembra ela. Para sustentar a cobertura, a arquiteta criou poucas paredes, o fechamento externo prioriza o vidro – placas corrediças que se abrem totalmente nos dias quentes e que, quando fechadas, afugentam o frio da serra, sem esconder o seu cenário verdejante. Com dois quartos e sala integrada à cozinha, o projeto cumpre o que para o casal é essencial: um lugar para andar descalço, ler, ouvir música, cozinhar sem pressa, jogar conversa fora e se esquecer da cidade enquanto o olhar se perde na paisagem. Por isso, tudo foi pautado pelas sensações. O piso de timburi, madeira tradicionalmente usada em mobiliário, tem textura macia; os sofás e as poltronas primam pelas dimensões aconchegantes; o fogão a lenha e a lareira perfumam os dias com seus aromas. Do lado de fora, o deque de garapeira debruçado sobre a mata e envolto por um extenso banco de madeira, que também faz as vezes de parapeito, convida a simplesmente não fazer nada, apenas se deixar levar pela tranquilidade do lugar. “É uma delícia tomar sol aqui. Quando o calor aumenta, tem sempre a sombra de alguma árvore para nos refrescar. Precisa mais do que isso para ser feliz?”, questiona Vania divertida.