Como pendurar quadros na parede de um jeito bonito?
É possível fazer vários tipos de combinações. Embora não existam regras fixas, nesta reportagem você tem algumas dicas para ter um conjunto harmônico
Arranjos de quadros em forma de retângulo
Uma fórmula convencional, mas sem erros, prevê um quadro maior no centro e outros dispostos simetricamente ao redor, formando um grande retângulo. No entanto, como lembra o arquiteto Gustavo Calazans: “É mais difícil termos obras de tamanhos iguais, a não ser que sejam parte de uma série ou façamos molduras de mesmo tamanho para trabalhos de medidas diferentes. Quando você tem essa situação, fica lindo”.
Arranjos de quadros sem sair do quadrado
Do mesmo modo que a composição acima, esta pede várias molduras de mesmo tamanho para ficar rigorosamente no esquema, o que não é obrigatório. A arquiteta Roberta Martins sugere uma estratégia para quem quer uma montagem correta, mas com algo fora do usual: dispôr, entre os quadros, outras formas de arte, como uma escultura. “Também é possível deixar um espaço em branco dentro do retângulo ou do quadrado”, ensina.
Arranjos de quadros com distribuição em dois eixos
Este é o esquema do arranjo do arquiteto Gustavo Calazans visto anteriormente na reportagem. Foram definidos dois eixos – horizontal e vertical – e, com base neles, os quadros se alinharam. Com isso, a composição ficou harmônica mesmo com obras de tamanhos e formatos diferentes. Esse recurso merece uma observação: “Usei trabalhos de visual similar, o que não tira a importância de nenhum deles nem cria hierarquias”, afirma Gustavo.
Arranjos de quadros com montagem mais solta
Neste exemplo, uma faixa horizontal define a colocação de seis quadros. Eles estão alinhados somente na parte inferior. Em cada lateral, um quadro de tamanho diferente torna o agrupamento menos comportado. “A criação de eixos é um ótimo ponto de partida para organizar as obras na parede. Feito isso, fica mais fácil sair da linha”, analisa o arquiteto Marcos Marcelino.
Fotos e telas tomam o espelho
Obras praticamente grudadas umas às outras, cobrindo a parede do piso ao teto e instaladas sobre um grande espelho: tudo foge do convencional no jeito como o arquiteto baiano David Bastos organiza os quadros em seu apartamento, em São Paulo. A composição começou pela tela de Daniel Senise, centralizada a partir do teto. Com o tempo, mais obras se somaram a ela, como o díptico de fotos de Mario Cravo Neto que retrata uma praia. Outro grupo de fotos preenche a área à direita do quadro central. Na lateral do sofá (acima), fca o díptico de Flávio Freitas.
Surpresa no mix de molduras
Nesta sala de jantar ultracontemporânea, Bruno Batistela e Iraima Castro, da Kwartet Arquitetura, criaram uma composição que respeita um eixo central. De um lado dessa linha imaginária, está a obra principal do conjunto, o grafite Anônima, de Pas Schaefer. “Ela ficaria perdida sozinha”, diz Bruno. Para acompanhá-la, vieram trabalhos mais neutros: a pintura de Newman Schutze e, abaixo dela, a gravura O Grito, de Luis Felipe Volpi. Se o arranjo é comportado, a ousadia aparece na mistura das molduras preta, branca e dourada.
Acervo cheio de histórias
A sugestão veio da designer e empresária Regina Kato, quando viu que a coleção de quadros do namorado – o médico homeopata Milton Ungierowicz – fcava salpicada sem muito critério pelas paredes do apartamento, na Zona Sul carioca. “Disse que ele poderia agrupar tudo numa composição, criando uma textura bacana na sala de estar”, conta Regina. Milton topou e ela levou uma tarde inteira para montar o conjunto, com telas mais simples, de valor afetivo, e outras assinadas por artistas reconhecidos. “A graça está nessa mistura”, afrma a designer.
Vermelho valoriza o arranjo
Ao organizar a grande coleção de arte da moradora deste apartamento paulistano, o arquiteto Gustavo Calazans destinou parte dela a uma parede que ele pintou de vermelho, ressaltando os quadros. As obras foram separadas por cor: de um lado fcaram as neutras e do outro as mais vibrantes. “Fiz o que não se faz quando se trata de arte”, diz, brincando. Em vez de um grande arranjo central, Gustavo optou por dois blocos distintos e assimétricos, dispostos em forma de cruz, o que dá brecha a futuras aquisições.
Preto e branco em equilíbrio
Há um móvel a delimitar a área da composição pensada pelos arquitetos Roberta Martins e Marcos Marcelino – ela não ultrapassa as laterais do aparador da sala de jantar. A distribuição das obras começou de forma mais rígida, pelas três peças com molduras pretas, à direita, dispostas num retângulo. “Elas compõem um arranjo fechado dentro de outro mais solto”, explica Marcos. Pode reparar: o lado esquerdo do conjunto sai desse alinhamento inicial e ganha ares mais leves graças ao domínio da foto de Steve Miller, com moldura clara.
Em busca de simetria
As páginas de um livro sagrado japonês do século 19 ocupam uma das paredes deste apartamento paulistano. Autor do projeto, o arquiteto João Mansur propôs um alinhamento rente ao teto e a um batente de porta. No centro do conjunto, criou um ponto de interesse com o armário inglês antigo. “Segui a regra de respeitar a linha do olhar, situada aproximadamente 1,60 m acima do piso e no meio do arranjo”, diz. Não fossem os espelhos de luz, à direita, a composição seria totalmente simétrica. “Afnal, é uma característica do meu trabalho.”