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Claudia Jaguaribe: um novo jeito de fotografar a natureza

Na série Quando Eu Vi, a fotógrafa Claudia Jaguaribe propõe uma interpretação peculiar sobre florestas de diferentes pontos do Brasil, como Chapada Diamantina e Amazônia

Por Por Rosele Martins
Atualizado em 26 Maio 2022, 15h53 - Publicado em 20 mar 2012, 17h28

A paisagem é um tema com o qual venho trabalhando há muitos anos, sob diferentes perspectivas. Desde sempre a natureza foi importante para os artistas. Na série Quando Eu Vi, que iniciei em 2006 e considero ainda aberta – pois sempre surgem novos lugares e ângulos para retratar –, fotografei diversos cenários do Brasil, com a proposta de rever o conceito de paisagem natural. Na minha interpretação, busco mostrar a natureza ao mesmo tempo intocada e em conflito com o desenvolvimento e o crescimento das regiões urbanas. Tradicionalmente, a preocupação estava em criar uma visão romântica ou documental das florestas. Essas percepções, no entanto, estão sendo alteradas pela experiência atual, de um universo natural que se encontra ao mesmo tempo longínquo e prestes a desaparecer. O Brasil é um dos últimos países onde podemos experimentar a presença do verde intocado e no limiar de sua transformação. E a série é uma reflexão sobre esse momento, em que a fotografia é feita de territórios híbridos e construídos. Tal realidade também me despertou a vontade de inclui-la na série que batizei de Bibliotecas: desde o século 17, viajantes vêm realizando relatos sobre as florestas brasileiras, portanto o livro é um meio natural para pensar e ver a natureza. E os livros também estão em vias de transformação, em decorrência das novas tecnologias. Daí o desejo de mostrá-los como arquivos de árvores – as Bibliotecas são montagens feitas de imagens de matas e estantes que, combinadas, permeiam a série.A primeira foto nasceu na chapada Diamantina, local onde a diversidade e a originalidade da paisagem me impressionaram muito. A partir daí, passei a fotografar sempre que me deparava com um cenário interessante, tanto nas ocasiões em que viajei com a câmera na mão, já pensando no projeto, quanto em outras, nas quais aproveitei imagens registradas em períodos de férias no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Minas Gerais, no pantanal… Mas foi só com a ida à Amazônia que se consolidou a série Quando Eu Vi. Isso porque percebi, ao voltar de lá com as fotos, que era importante transformá-las em um trabalho que desse conta dessa experiência.” Claudia Jaguaribe, fotografa, representada pela Baró Galeria, em São Paulo, e pela HAP Galeria, no Rio de Janeiro.

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