Cinco colecionadores mostram seus objetos preferidos
Os cinco personagens destas histórias são absolutamente encantados pelos objetos que se multiplicam em sua casa.
Amor de infância por bonecos Mais do que uma coleção, as dezenas de peças realizam o sonho de um garoto nascido no interior do Mato Grosso do Sul e criado longe dos brinquedos sofisticados. “Autorama e trem elétrico, nem pensar”, conta o arquiteto
Antonio Ferreira Jr. Por isso, quando ele viu uma edição especial do Falcon numa loja especializada em brinquedos antigos, em Paris, seu coração bateu forte. Finalmente, poderia comprar não só um, mas vários. “Foi um resgate de um desejo de infância”, diz. Para fazer companhia, chegaram os bonequinhos dos Simpson, dos Beatles e, maravilha das maravilhas, o de John Lennon. “São brinquedos que encantam todo mundo e que tenho o maior prazer em exibir.” Já se uma criança começa a brincar com um deles… “Regrido. Fico me segurando para não tirar o brinquedo da mão dela e dizer ‘sai daí”, diz, rindo.
A alegria de encontrar mais um globo Bem, eles não são exatamente discretos. Os maiores ocupam um espaço considerável na moradia, mas Fernando Azevedo não está preocupado com isso. “Comprei uma casa maior”, diz, fascinado pela multiplicidade das suas peças. “Tenho globinhos em forma de brinco, peso de papel e até pintado em uma bola de basquete”, conta. Os mais bonitos, em forma de luminárias transparentes, ele trouxe dos Estados Unidos no colo. Também conseguiu muitos globos em antiquários e outros ele ganhou de presente. “Gosto da forma deles e não tenho nenhum preconceito: pode ser bonito, feio e até desatualizado, com um mapa que inclui a antiga União Soviética”, revela.
A graça cativante das miniaturas Das mãos da escritora Edla van Steen nascem universos dentro de caixinhas. Numa delas, a sala vermelha do escritor irlandês Oscar Wilde. Em outra, o lugar onde o poeta francês Rimbaud escrevia livros. Imagine, ela até recriou o boteco preferido de Chico Buarque, com mesas, cervejas e copinhos minúsculos. “Esses ambientes saem da minha imaginação. Não são recriações fiéis. É apenas como acredito que foi o lugar onde cada artista trabalhava.” Talvez a caixinha mais difícil tenha sido a loja de chapéus, moldados um a um em um dedal. Ou a recriação da biblioteca bagunçada do marido, que levou um ano para ser feita. “Para mim, elas são um exercício de criatividade e fantasia – tanto quanto escrever um livro.”
Água em garrafas preciosas Elas nascem em montanhas nevadas, de fontes cristalinas, ou chegam de geleiras derretidas. Têm diferentes sabores e vêm dentro de embalagens atraentes: em forma de gota, feitas com cristais Swarovski ou em vidros que se assemelham a perfumes. “Quando estou em Paris, vou direto ao Bar das Águas, que fica na loja Collete, para escolher uma garrafa diferente”, conta a arquiteta Brunete Fraccaroli. Elas custam de 30 a 100 euros e podem vir de diversos países. “As mais raras são conseguidas em leilão e custam uma fortuna”, afirma. Sua paixão é tanta que Brunete chegou a ter uma empresa de águas aromatizadas vindas de uma fonte de Minas Gerais.
Bancos sob a escada Na família, corre a história de que uma das bisavós do engenheiro Paulo Altenfelder Santos era uma índia. Portanto, o amor pela cultura indígena tem raízes profundas para ele. “Acho que é uma questão atávica. Hoje minha empresa sedia uma ONG, o Ideti – Instituto das Tradições Indígenas, que promove eventos para divulgar o modo de viver dos índios”, conta. Para estreitar ainda mais os laços com essa cultura, Paulo tem vários objetos, de muitas tribos do Brasil, espalhados pela casa. Mas são os bancos em forma de anta, onça, macaco, jabuti e tatu a sua grande paixão. “Às vezes, os índios trazem para vender aqui. Outras, compro em minhas viagens até as aldeias. Mas muitos deles vieram da loja Amoa Konoya, especialista em peças indígenas”, revela. E não é só ele o apaixonado na família. Seus três filhos também têm os seus bancos indígenas de estimação.