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Casa de Fazenda com paisagismo inspirador de Burle Marx

Cercada pela mata Atlântica e desenhada aos pés da serra da Bocaina, no interior paulista, esta fazenda histórica de café funciona hoje com uma guesthouse

Por Texto Luisa Cella I Fotos Valéria Mendonça
Atualizado em 9 abr 2024, 11h48 - Publicado em 20 nov 2012, 19h32
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*Matéria publicada em Casa Claudia Luxo #31 – Novembro e Dezembro de 2012

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Temos um patrimônio histórico e cultural que vale muito mais que a propriedade em si. É impossível medir quanto”, conta Malu Gomes. Ela e a irmã, Bel, herdaram a fazenda Vargem Grande, localizada no pé da serra da Bocaina, na cidade de Areias, SP. Batizada de Vale Histórico, a região era rota da corte no trajeto da província do Rio de Janeiro até São Paulo e concentra várias fazendas da época áurea do café. “Meu pai conseguiu finalmente adquirir a propriedade que ele tanto namorava em 1973, e ela se tornou a menina de seus olhos”, conta Bel.

Arquiteto autodidata e botânico diletante, Clemente Gomes usou fotografias e arquivos antigos para restabelecer a volumetria original do casarão, até então degradado, construído em 837 por barões do café. Para o projeto do jardim, cogitou um só nome: o do amigo e mestre do verde Roberto Burle Marx, responsável pelo paisagismo de outras casas da família. “Os dois passavam horas trocando ideias, existia uma admiração mútua”, relembra Malu, que era ainda adolescente quando o processo começou. Na área onde antes funcionava o terreiro de secagem do café – tradicionalmente posicionado no centro das construções das fazendas –, Burle Marx orquestrou o jardim: dividido em três níveis, com cinco espelhos d’água, duas piscinas, 19 quedas-d’água e esculturas de pedras.

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“Acordamos com o canto dos passarinhos, quando escurece é a vez do coaxar dos sapos e o tempo todo se ouvem os sons das águas do jardim”, revela Malu. Quando aceitou o convite, Burle Marx já tinha mais de 60 anos e uma extensa trajetória artística. Incentivado pelo entusiasmo do amigo Clemente, iniciou ali um exercício de testes e estudos para alcançar o equilíbrio assimétrico e natural de sua obra viva. No lugar, reina uma sublime composição de plantas nacionais, muitas delas coletadas em expedições pelo Brasil afora feitas pelo paisagista. Os olhos se encantam com a as palmeiras, as formas das esculturas de pedras e principalmente com as várias espécies de plantas aquáticas, entre elas, as vitórias-régias. Na decoração da casa, Clemente imprimiu seu olhar estético criterioso ao combinar peças antigas com móveis modernos e obras de arte. Penteadeiras de mármore e azulejos holandeses coexistem com mobiliário modernista de Sergio Bernardes, Joaquim Tenreiro e Rino Levi. O jardim e a casa se mantêm conservados graças aos esforços e ao respeito das herdeiras, que acreditaram na importância de abrir a propriedade para visitação e hospedagem de pequenos grupos. Quem passa por ali se emociona com as criações de mestres e com a moldura composta pela mata Atlântica.

*Matéria publicada em Casa Claudia Luxo #31 – Novembro e Dezembro de 2012

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