Casa de espírito livre em Santa Teresa
No alto de uma ladeira em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, um casal reformou este apê, de 95 m2, para viver cercado de peças com história
O arquiteto João Néri e a publicitária Tatiana Braga se conheceram ainda na escola. Namorados desde a adolescência, acumularam afinidades: adoram banho de cachoeira, viagens pelo mundo sem muita programação e cultuar um design simples, intuitivo e livre de excessos. Filho dos arquitetos Bel Lobo e Bob Néri, João não nega a genética. “Adoro o que faço. Virei fã do traço do japonês Sou Fujimoto e busco criar privilegiando o essencial”, conta. E essa filosofia inspirou o projeto do apê.
O predinho antigo e sem elevador foi descoberto por Bel e Bob numa visita ao artista plástico Zemog, que havia acabado de mudar para lá. Ficaram encantados com a vista incrível para a Baía de Guanabara e pediram que o amigo avisasse se aparecesse algo à venda. O imóvel vago surgiu bem na época em que João voltava de uma temporada em Barcelona. “Ele foi radical na reforma. Derrubou paredes, trocou esquadrias e refez a sacada, que tinha sido incorporada à sala pelo antigo morador”, explica Bel. A obra durou quatro anos. “Uma eternidade”, fala Tatiana. “Mas assim conseguimos juntar móveis, objetos e memórias. Saboreamos cada escolha e, quando entramos aqui, a casa já era um lar”, arremata.
João criou uma parede-estante, com módulos de compensado de virola clareado. Nélia, a gata, descansa na mesa de jantar, comprada de segunda mão.
O casal na varanda, recuperada na obra. “Desenhei todas as esquadrias de ferro preto”, diz ele.
O escritório, no corredor, também foi encapado com compensado. Módulos suspensos Padaria, da M.o.o.c.
A troca da janela da cozinha por este modelo de ferro preto foi essencial para dar um toque mais descolado ao ambiente. “Fizemos uma hortinha para aproveitar a luz natural”, conta Tatiana. Mudas e fores do Studio Lilly. A banqueta é da Etna.
Feita de concreto, a bancada onde Bel toma chá com o casal tem função de ilha e de fronteira informal entre os espaços.
A estante da sala se estende até a cozinha e deixa os mantimentos à vista.
Na parede, o mapa japonês foi comprado numa viagem à Dinamarca. “Simplesmente amo tudo que vem do Japão”, conta João, que compartilha com a mãe o gosto por usar peças com história em casa.
No quarto do casal, poltrona de madeira da M.o.o.c. Fotografas, desenhos e gravuras cercam a TV. “É uma composição de memórias. Tem de tudo”, conta Tatiana.
A cadeira do designer Ricardo Graham Ferreira (O Ebanista) ganha destaque no corredor, junto à foto do Maracanã, que João guarda desde a adolescência.
Manta, colcha de linho e almofadas da Trama Casa vestem a cama.
Uma porta de correr, dividida em três partes, fecha o quarto, que fica no fim do corredor, onde o cãozinho Circo faz pose. De um lado, o espaço é forrado de virola clareada e, do outro, de lâminas de vidro encontradas por Bel numa feira de antiguidades.
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