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Bonecas de cerâmica feitas à mão é legado cultural do artesanato nacional

Fazer desenvolvido por dona Izabel, do Vale do Jequitinhonha, ajuda a contar história do lugar e de seu povo

Por Julyana Oliveira
29 jun 2023, 10h19
Artesol: bonecas de cerâmica e o artesanato brasileiro
 (Lori Figueiró/Divulgação)
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O artesanato brasileiro é aquele ofício ensinado de geração em geração. E as bonecas de cerâmica de dona Izabel representam com maestria o valor da tradição. A ceramista e artesã Andreia Andrade é formada em artes plásticas, mas aprendeu aos 12 anos com sua mãe Glória e sua avó, dona Izabel Mendes, grande mestra de cerâmica do Vale do Jequitinhonha, a arte de criar sua própria narrativa sobre a história do seu lugar e seu povo. 

A família de Santana do Araçuaí, em Minas Gerais, já mira, inclusive, a quarta geração de artesãos populares, enxergando a potência na arte do filho mais novo de Andreia, Mateus, de 7 anos, que adora ajudá-la a pintar suas peças. “Lucas, meu filho mais velho, às vezes me ajuda a preparar o barro, uma parte um pouco mais simples do processo da cerâmica que ele consegue fazer. Mas vejo que o Mateus leva jeito e gosta de ouvir minhas histórias com minha avó Izabel. Ele modela em um pouco de argila, fazendo miniaturas de bonecos, como um aprendiz, e me ajuda na pintura de algumas das minhas obras. Nos próximos meses o Mateus participará pela primeira vez de uma exposição em Belo Horizonte com toda a família”, conta Andreia orgulhosa. 

Artesol: bonecas de cerâmica e o artesanato brasileiro
(Lori Figueiró/Divulgação)

E isso começou com as criações de dona Izabel, que criou bonecas de cerâmica pintadas com pigmentos naturais de origem mineral. As cenas do cotidiano de quem vive no Vale do Jequitinhonha são retratadas nas lavadeiras, nos lavradores, nas leitoras, nos floristas, e entre outras criações da matriarca. Das mãos de Glória, filha de dona Izabel e mãe de Andréia, nasceram, por exemplo, a artesã e a catadora de feijão.

Já as criações de Andreia, que vendeu sua primeira peça aos 14 anos em uma exposição no Rio de Janeiro, trazem muito da sua relação com a maternidade e retratam a sua experiência familiar marcada pelo amor e pelo carinho que sempre sentiu. Atualmente, tem criado os meninos do pote. Inspirada nos potes e moringas que sua avó começou a fazer, e nas próprias bonecas que no começo eram moringas, Andreia pensou: “então, as bonecas nasceram dos potes”. 

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Artesol: bonecas de cerâmica e o artesanato brasileiro
(Lori Figueiró/Divulgação)

Desde a infância, Andreia já mostrava aptidão para modelar a argila e decidiu seguir os passos da mãe e da avó, tornando-se a terceira geração da família dedicada ao ofício. No entanto, ela foi a primeira a buscar orientação fora do âmbito familiar, mudando-se para Belo Horizonte com o objetivo de estudar artes plásticas na Escola Guignard.

Durante sua formação, ela se especializou em pintura e cerâmica e, juntamente com seus colegas, construiu um forno de barro tradicional dos artesãos de Jequitinhonha. Depois de concluir seus estudos, ela lecionou em Portugal e Espanha, mas retornou a Santana do Araçuaí para continuar a tradição local da arte familiar. “Através do barro você conta a história de uma família, você conta sonhos. Através de um material tão simples, como é o barro, a gente cria um universo de riqueza”, define Andreia.

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Artesol: bonecas de cerâmica e o artesanato brasileiro
(Lori Figueiró/Divulgação)

O fazer da família Mendes é impulsionado pela  Rede Artesol – uma ONG criada há 25 anos com o propósito de estimular todo o ciclo produtivo artesanal no país. Vale destacar que uma grande parcela das comunidades artesanais apoiadas pela Artesol está situada em regiões com poucas perspectivas de emprego e em localidades afastadas dos núcleos urbanos. A ONG tem como propósito o mapeamento, capacitação e promoção dos artesãos e grupos artesanais brasileiros para o mundo.

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