As peças feitas de papelão reciclado de Domingos Tótora
Misto de artesão e designer, o mineiro Domingos Tótora cria móveis e objetos de papelão reciclado em Maria da Fé, MG.
*Matéria publicada em Casa Claudia #618 – Fevereiro de 2013
* largura x profundidade x altura.
Matéria inspiradora
Antes de conquistar fãs nacionais, Domingos Tótora estreou na Maison et Objet de 2005, na França. Ganhou prêmios em Madri (2010) e Londres (2011) e, no ano passado, expôs em Berlim e Lisboa ao lado de outros renomados designers brasileiros.
Como você começou a explorar o papelão?
Na época em que me dediquei às artes plásticas, imprimia imagens em blocos de parafna. Fazia instalações com uma massa de papelão e as fotografava. Um dia, percebi que poderia também fazer objetos. Mudei assim o foco de meu trabalho e a resposta positiva do mercado foi imediata.
Como acontece a produção?
Na minha ofcina, são nove artesãos. Crio a peça, faço o protótipo e eles a produzem. Uso o papelão descartado da região.
Quais são seus novos projetos?
Lançarei em breve uma linha de poltronas. Elas surgiram da minha vontade de variar as formas. A cada dia, me impressiono mais com as possibilidades do papelão. Experimento outros materiais, mas o papel ainda não se esgotou para mim. Em julho, vou lançar um livro sobre o trabalho.
Domingos Tótora observa a natureza com olhos de deslumbramento. As montanhas, a terra arada e o curso do rio de Maria da Fé, cidade mineira na serra da Mantiqueira, onde nasceu e se criou, insinuam as formas que ele materializa com papelão. O artista plástico autodidata descobriu anos atrás que podia transformar caixas descartadas em uma massa tão resistente quanto a madeira quando misturadas a água e cola. Começou fazendo objetos e, depois, móveis. “Sou um misto de artista, designer e artesão”, diz. Com um showroom instalado no terreno da casa em que vive desde a adolescência, Domingos conquistou reconhecimento internacional sem abandonar suas origens. “Tudo o que busco está no meu quintal. Pesquiso, produzo e mostro minhas peças para quem vem até a mim”, afirma. Após alguns anos dedicados ao circuito da arte contemporânea, em São Paulo, o mineiro encontrou no design o caminho para a realização profissional. “Sem que eu percebesse, a vida foi tomando esse rumo.”