Aos 94 anos, Jorge Zalszupin ganha um livro homenageando suas obras
São inúmeras as formas e os materiais que desenham o traço do designer Jorge Zalszupin, que, aos 94 anos, acaba de ganhar um livro homenageando sua obra.
A ideia partiu de Lissa Carmona Tozzi, filha da empresária Etel Carmona, que reedita e comercializa, atualmente, as peças de Zalszupin. Afinal, como não ter um relato mais profundo contando a história do fundador da L’Atelier, loja e fábrica que foi marco no contexto do móvel moderno a partir dos anos 1950? Vários empresários prontamente colaboraram com o projeto, a editora Olhares, de Otavio Nazareth, deu forma à caprichada edição e, enfim, Jorge Zalszupin: Design Moderno no Brasil acaba de ser lançado, com texto de Maria Cecília Loschiavo dos Santos e prefácio do crítico e diplomata André Aranha Corrêa do Lago. Ilustrado com cerca de 300 imagens, incluindo reproduções de catálogos e propagandas de época, o livro traz ainda um ensaio fotográfico feito na casa do mestre. Um contraponto afetivo que homenageia o profissional de 94 anos de idade. “A empresa criada por ele realizou com determinação a industrialização do móvel no Brasil. Zalszupin acreditou na possibilidade de produzir em série e criar linhas de produtos. Foi um momento que favoreceu a consolidação e a implantação do design moderno no país”, escreve a autora. E Corrêa do Lago completa: “É impressionante ver quantos móveis ele conseguiu produzir. Alguns influenciados por Charles Eames e Pierre Paulin.
Outros, como a linha Capri e a banqueta Drink, são exercícios pessoais de excepcional elegância e equilíbrio”, aponta. Em paralelo, será publicada também uma autobiografia, escrita há dez anos e só agora revelada, contando, com humor, a trajetória impressionante desse polonês que escolheu o Brasil para morar depois de sobreviver à fuga de uma Europa dominada pelo nazismo. “E aí, Zalszupin, que tal desenhar uma banqueta para mim?” Essa divertida publicidade marca algumas das descobertas de Lissa Carmona, que conta aqui um pouco do processo para a realização da edição. Como foi o critério da organização do material? Meu foco foi a produção do mobiliário e seu talento como designer. Proporcionamos ao leitor uma verdadeira viagem no tempo e revelamos detalhes que mostram a sofisticação do seu traço e enfatizam a vanguarda que representou seu lado industrial no contexto da época. Levantamos um material precioso, com catálogos antigos, croquis, anúncios de jornais e registros pessoais das criações, como dúvidas ao escolher o nome das peças. Foram muitas as curiosidades reveladas pela edição. Qual você destacaria? Descobrimos fatos divertidos, entre os anúncios antigos, cheios de humor. Um deles dizia: “E aí, Zalszupin, que tal desenhar uma banqueta para mim?” E ele respondia… Há ainda imagens de peças lindas, nunca antes fotografadas. Vale destacar o lançamento da autobiografia, que é um relato delicioso de como sua vida foi uma sucessão de milagres, desde a fuga da Polônia até a chegada ao Brasil. Que peça você elegeria como a mais importante da carreira dele? A poltrona Dinamarquesa, de 1959, porque foi a primeira que fez para si próprio e não sob encomenda. E, de fato, hoje é uma das mais celebradas de sua carreira.