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Antonio Ferreira Jr: brinde às cores neste apartamento

O arquiteto Antonio Ferreira Jr. tinha certo pudor na utilização dos tons fortes. Tudo mudou quando ele tingiu a primeira parede do apartamento de azul.

Por Reportagem Cristina Bava e Kátia Stringueto I Fotos Luis Gomes
Atualizado em 9 abr 2024, 11h51 - Publicado em 18 dez 2012, 19h52
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Seu Júnior, as filhas da antiga moradora do sétimo andar estão fazendo um família vende tudo”, avisou Manoel, porteiro do prédio onde mora o arquiteto Antonio Ferreira Jr. Sócio de uma loja de móveis e objetos de garimpo na época, Antonio logo subiu para dar uma olhada no que valia a pena arrematar. A surpresa foi que, daquela vez, não se encantaria apenas com o mobiliário. Seu radar apontou para o apartamento propriamente dito. “Eu não conseguia me deter em mais nada. A estrutura da casa, a arquitetura e o lambri de caviúna na sala de TV roubaram minha atenção”, recorda. “Já comecei a pensar como meus móveis ficariam ali e no quanto as madeiras tinham a ver com o espaço.”

A empolgação culminou em uma proposta de compra às filhas herdeiras. “Eu morava no térreo do edifício; gosto de ter quintal, lembrança da vida que levava na fazenda de minha família, em Mato Grosso. Mas quando entrei neste apartamento me senti tão bem que me vi tentado, pela primeira vez, a morar em um andar alto. Na mesma hora comecei a fazer as contas para saber se poderia bancar a compra.” O prédio de estilo art déco no bairro de Higienópolis, na capital paulista, foi projetado e construído por Francisco Matarazzo Netto no início da década de 1940 e tem cinco plantas originais. Antonio, ou Júnior, como é chamado, vivia num apartamento de 180 m2 e ambicionava o de 270 m2. Felizmente as contas fecharam e ele pôde fazer a proposta às herdeiras de sua futura moradia. “Quando vivia no térreo, derrubei paredes para ampliar a circulação.

Mas, neste caso, tive pena de mexer na estrutura, pois os cômodos já se comunicavam bem.” As correções resumiram-se a criar um banheiro no quarto de hóspedes, aumentar a copa e abrir um pouco mais a porta da cozinha, além de deixar a varanda como era originalmente. A verdadeira mudança, no entanto, aconteceu quando certo azul magnético tingiu o hall. É difícil acreditar, mas seu apartamento anterior era branco e bege. Neste, cinzas, bordôs, azuis, amarelos e verdes foram chegando e se instalando em quatro meses de restauro. “Quando me dei conta, já tinha escolhido um tom erva-doce para as paredes das salas. Na cozinha, como eu tinha cadeiras cor de gema, pintei um pilar de amarelo.

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A cor é como um vício do qual não quero sair.” Já o restauro é vício mais antigo. Tanto que todos os ambientes exibem peças selecionadas em feiras de antiguidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Amsterdã, Milão, Salzburgo, Lisboa… O gosto pelo retrô é uma reverência à qualidade e ao desenho que se mantêm impecáveis com o passar dos anos. “São formas retas, ergométricas. O jacarandá e a caviúna, madeiras quase extintas, são maravilhosos”, diz o eterno garimpeiro. Algumas de suas joias são o aparador, a mesa e as cadeiras da sala de jantar, atribuídas pela loja Filter, de São Paulo, ao arquiteto italiano radicado no Brasil Giuseppe Scapinelli. Ao referendar aquilo que as décadas preservam, o arquiteto jamais deixa sua casa parada no tempo.

 

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Ao utilizar cores intensas e na proporção ideal como pontos de destaque e valorizar o mobiliário de estética modernista nos projetos que assina, Antonio Ferreira Jr. tem em seu portfólio trabalhos dotados de muita personalidade e conforto. Nascido em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, ele se formou em 1989, em Mogi das Cruzes, SP, e depois rumou para São Paulo, onde vem desenvolvendo sua carreira até hoje. Além de projetos residenciais, Antonio tem sua marca em empreitadas comerciais, como hotéis, academias e cafés. E foi transitando por essa área, ainda na década de 1990, que conheceu seu atual sócio, Mario Celso Bernardes, formando uma rara, sólida e duradoura parceria.

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