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A Serra Catarinense em lindo ensaio fotográfico de Claudio Edinger

Inspirado a descobrir o que é o Brasil, o fotógrafo Claudio Edinger traduz em imagens e palavras suas impressões sobre a paisagem colorida da serra catarinense

Por Ensaio Claudio Edinger
Atualizado em 26 Maio 2022, 15h51 - Publicado em 17 abr 2012, 13h49

“Quem sai de carro de São Paulo rumo a Santa Catarina já vai meio assustado. São tantas as lendas sobre a rodovia Régis Bittencourt – ‘É um caminho perigosíssimo, de muito risco!’, dizem por aí. E, no entanto, vencido o preconceitoao descobrir seus segredos, é uma das estradas mais lindas que este fotógrafo que vos escreve já viu”.

Leia o texto completo de Claudio Edinger sobre sua viagem à Serra Catarinense

 

Tem um pedaço chato, é verdade, onde estão duplicando as pistas e, na hora errada, os caminhões sempre emperram. Fora isso, a paisagem é deslumbrante. Comecei a fotografar a região para mais um livro, parte de um projeto de mapeamento nacional, na tentativa de descobrir o que é o Brasil. Morei 20 anos fora e a noção do que é o nosso país perdeu, literalmente, o foco para mim. Ando fotografando o Rio, São Paulo, o sertão da Bahia, a Amazônia e, agora, a serra catarinense atrás de uma resposta. Voltando à estrada, quando as quaresmeiras estão floridas, são de tirar o fôlego. Há também ipês-amarelos por toda parte, araucárias depois do km 350 e uma serra sem fim, a do Cafezal, que emenda na serra do Azeite. A 50 km de Curitiba, a Régis torna-se uma rodovia com ares europeus, essa região lembra o lago di Garda, no norte da Itália. É fácil desconfiar que a vista fique cada vez mais linda a partir daquele ponto… Depois de Curitiba, a estrada até Corupá, por São Bento do Sul, tem asfalto vermelho e casas que poderiam estar no Velho Continente.

 

Chegando a Joinville, cidade onde há um concurso de melhor jardim (com direito a isenção de IPTU para o ganhador), fica claro que o Brasil do Sul é outro. A população é formada predominantemente por descendentes de europeus,enlouquecidos com os jardins do país de origem deles. Santa Catarina, ignorada pela coroa brasileira, passou a ser colonizada somente porque muitos piratas usavam as praias como refúgio. Os primeiros colonos vieram dos Açores e ocuparam a costa para combater a pirataria. Os alemães chegaram a Alcântara em 1829 e a Blumenau em 1850. Com eles veio a paixão pelo paisagismo e pelos jardins. Nessa terra, encontraram um lugar onde tudo o que é plantado floresce, por isso, a paisagem não poderia ser menos bela. No vale de Corupá, há mais de 200 casas vendendo plantas ornamentais. A cidade é reconhecida como a capital das plantas do Sul e, extraoficialmente, doBrasil. Foi lá que Burle Marx encontrou as espécies que desejava para criar o paisagismo de Brasília. Carlos Schünke, dono da Floricultura Revoluta, comercia árvores de 20 a 30 anos de idade, como as Phoenix canariensis ou as Phoenix dactylifera, com preços que variam entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. Ele as compra já grandes, as cultiva em suas terras e depois as revende. “Eu não dou conta da demanda”, diz o mago do transplante de árvores antigas. A cidade foi desenhada para ser um paraíso tropical. Cercada por 67 cachoeiras de todos os tamanhos – a maior com 125 m de queda –, a umidade relativa do ar é muito alta, clima ideal para a imensa variedade de plantas que colorem a paisagem.

 

Logo na primeira parada, na gloriosa Corupá, encontrei vitórias-régias, ninfeias, recantos sublimes, cachoeiras e jardins sensacionais. Sem falar numa população loira de olhos azuis que, em dia de jogo do Brasil versus Alemanha, coloca a bandeira germânica na janela. Minha viagem pela serra catarinense continua. Só Deus sabe o que me aguarda mais à frente…”

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