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Sou a motogirl mais charmosa de todo o Brasil

Trabalho seis horas por dia e tiro R$ 2 mil por mês. Sou a Penélope da vida real!

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 05h18 - Publicado em 11 nov 2009, 21h00
Mariana Gomes (/)
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Sou a motogirl mais charmosa de todo o Brasil

Duvidei do meu marido e me dei bem. Hoje, estou na profissão que amo!
Foto: arquivo pessoal

Meu marido era motoboy. Sempre que eu o encontrava jogado no sofá à noite, a gente discutia. 

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– Cansado? Mas de quê? Você fica sentado na moto o dia todo! – eu dizia, com desprezo. 

– Ah! Pensa que não cansa?

Injuriado, ele marcou minhas aulas na autoescola. Assim que a habilitação saiu, me deu uma moto: ”Vamos ver como você se sai!”. E lá fui eu trabalhar com ele. Era o ano de 2002. De cara, me apaixonei pela profissão de motogirl!

Muitos tombos

Todos já me conheciam. ”Olha a Alemoa, com sua moto cor-de-rosa!”. Achei mais difícil dirigir moto do que carro. Confundia embreagem, freio… ”Sua mulher caiu lá na rua tal.” E lá ia meu marido me acudir.

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É perigoso, mas eu gosto

Em 2007, me acidentei. Eu estava na rotina louca de fim de ano. Eram 5h30 da tarde de uma sexta-feira. O trânsito daquele jeito. Todos queriam chegar em casa logo. Assim que o farol abriu, arranquei. Mas um carro não parou no cruzamento e… BUM! Fui jogada a metros.

Meu braço quebrou e ficou igual a uma letra S. Também arrebentei os dois joelhos, as mãos e o pulso. Fiquei quatro meses parada, sem poder trabalhar. Além do risco, tive um baita prejuízo. Desde então, decidi que não vale a pena abusar. Minha carga horária é sempre a mesma: das 9h às 11h30, almoço, descanso, e depois volto das 14h às 17h30.

Tiro R$ 2 mil por mês

Minha clientela é bacana. Alguns herdei da época em que eu trabalhava com meu marido – hoje ele abriu um negócio e não é mais motoboy. Outros clientes conquistei sozinha. Mulher tem fama de cuidadosa, por isso, tenho preferência. Os valores do trecho variam com a distância, de R$ 10 a R$ 25. O gasto é pouco. De gasolina, vão cerca de R$ 10 por dia. E tem a manutenção da moto: óleo, freio, pneus… Pensa que meu marido me ajuda? Eu que vejo tudo, sozinha!

Consigo tirar cerca de R$ 2 mil por mês. No final do ano, tudo aumenta. Dá pra ganhar mais de R$ 3 mil. Mas aí não tem almoço nem hora pra voltar pra casa. Depois do acidente que sofri, mesmo nessa época, faço meu horário normal.

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Preconceito

No começo, me olhavam com cara feia. Certa vez, parei em um estacionamento pra motos que estava lotado de motoboys. Peguei a mercadoria e, quando voltei, todos riram. Não tive dúvidas: me sacanearam! Dei uma geral e vi que o cachimbo da vela – parte importante da moto – estava torto. Coloquei-o no lugar, olhei pra eles e mandei:

”Precisam fazer melhor do que isso, meninos!”. E fui embora. Andei uns 100 metros e a moto começou a falhar. Não é que os desgraçados tinham desligado a gasolina também? Eu, no meio do trânsito, toda atrapalhada: ”Algum problema aí, Alemoa?”, me perguntou um motoboy, rindo. Que raiva! Mas tudo isso superei com o tempo. Agora, somos todos amigos. Mulheres que trabalham em um meio dominado por homens têm que ter muito jogo de cintura. Só assim conseguem ser respeitadas. Postura também é fundamental. O maior preconceito vem dos carros. Mas não é comigo exclusivamente, mas com motoboys em geral. As pessoas nos veem como marginais.

Tem cada uma!

Já passei por situações engraçadas. Um dia, fiz uma entrega em um prédio superluxuoso. O porteiro avisou que o motoboy havia chegado e me autorizaram a entrar e subir. Ao chegar no apartamento, dei de cara com um senhor, gay, vestido pra matar: todo de vermelho, com calcinha, sutiã e afins. Ele achou que subiria um homem, não uma mulher! Quando me viu, a cara dele foi hilária. Fui embora chorando de rir.

Amante da motocicleta 

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Já faz sete anos que sou motogirl  e concilio a velocidade com a vida de dona de casa. Sou mãe de quatro filhos. Eu que cozinho, ensino a lição de casa, acompanho na escola… A mais velha, de 15 anos, me ajuda bastante. Mas a rotina é puxada. Mesmo sem tempo, não deixo minha feminilidade de lado. Acho que conta pontos na hora de conquistar clientes.

Hoje, dou um baita valor pra profissão. Reconheço todo esforço e cansaço que meu marido sentia quando era motoboy!

O que é preciso para ser motogirl

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Motoboys (Abram), Lucas Pimentel, o piso salarial varia em cada estado do país. Em São Paulo, por exemplo, é de R$ 730, sendo que a média salarial é de R$ 1 500. Abaixo, seguem as exigências da nova regulamentação aprovada pelo Congresso Nacional para quem deseja ingressar na carreira de motogirl: 

. Ter, no mínimo, dois anos de habilitação na categoria A. 
. Passar pelo curso de aperfeiçoamento defi nido pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). 
. Utilizar os equipamentos obrigatórios (colete, adesivo retrorrefletivo no baú e capacete). 
. Ter licença da prefeitura. 
. Licenciar a moto na categoria aluguel, com placa vermelha. 
. Colocar na moto protetor de pernas e antena corta-pipas.

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