6 profissionais que provaram que trabalho de mulher é o que ela quiser
Elas não deram muita bola para o papo de que haviam escolhido “profissões masculinas”
É até meio esquisito pensar nisso hoje em dia, mas houve um tempo em que uma mulher decidir ser engenheira, advogada, médica ou astronauta, entre outras profissões, era considerado um tabu, porque algumas ocupações eram consideradas ~masculinas~. Socialmente, esperava-se que as mulheres não trabalhassem fora e cuidassem exclusivamente da casa e da família. Se quisessem trabalhar, que escolhessem algo que pudessem fazer em meio período – para dedicar o restante do dia à casa e à família.
Ainda bem que as coisas mudaram e atualmente, na maior parte do mundo, a mulher pode ser engenheira, advogada, médica, astronauta, professora em meio período ou em período integral, dona de casa ou mãe em tempo integral. Nada mais justo do que decidir sobre a própria vida, né?
Foi preciso, é claro, que algumas mulheres abrissem caminho para essa liberdade de escolha passar a ser comum. Conheça a história de pioneiras em profissões ditas masculinas; graças a elas, agora podemos trabalhar com o que quisermos.
Myrthes Gomes de Campos – Primeira advogada do Brasil
Fluminense nascida em Macaé em 1875, Myrthes dizia desde criança que queria ser advogada. Aquilo era visto como piada por todos, já que até então era considerado impossível uma mulher entrar no universo jurídico brasileiro.
Mas, para Myrthes, a decisão era muito séria. Ela enfrentou a família e se mudou para a capital em 1893 para cursar a Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro. Acabou o curso no tempo certinho, em 1898, mas o preconceito era tão grande que só em 1906 conseguiu tirar sua licença de advogada, ao ser aceita no quadro de sócios do Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil (atualmente Instituto dos Advogados Brasileiros, entidade responsável pela Ordem dos Advogados do Brasil).
Ao longo de 38 anos, ela advogou pelas mulheres. Suas principais lutas foram pelo direito ao voto feminino (pois é: até 1932, mulheres não podiam votar) e pela defesa da emancipação jurídica das mulheres. Se aposentou em 1944, como encarregada pela jurisprudência do Tribunal de Apelação do Distrito Federal.
Elizabeth Blackwell – Primeira médica licenciada do mundo
Nascida no Reino Unido em 1821 e radicada dos EUA dez anos depois com a família, Elizabeth foi a primeira médica a se formar em território norte-americano e a primeira mulher de sua profissão a ser aceita nos registros de médicos britânicos.
O ingresso na faculdade de medicina de Cincinnati foi em 1842, depois de ter atuado por muitos anos como professora infantil. Em 1849, recebeu seu diploma de médica com especialização em ginecologia e obstetrícia.
Foi trabalhar em uma maternidade em Paris e de lá voltou para a Inglaterra, onde foi registrada oficialmente como médica – nenhuma mulher havia conseguido isso até então. Fez carreira em território britânico e se aposentou em 1907. Nesse meio-tempo, passou uma breve temporada nos EUA, onde fundou a Universidade Médica da Mulher.
Alice Perry – Primeira engenheira diplomada do mundo
O primeiro curso superior de engenharia foi criado em 1747, na França. Mas a primeira mulher a receber um diploma de engenheira no mundo foi a irlandesa Alice Perry, aos 23 anos, em 1908. Ela estudou na Queen’s College, em Londres, e se especializou em engenharia civil.
Trabalhou como inspetora de segurança industrial até 1921, quando se aposentou – a aposentadoria foi bem cedo por causa da insalubridade. Com tempo livre, Alice começou a escrever poesia e chegou a publicar cinco livros de poemas.
Katharine Graham – Primeira CEO de empresa top 500 da Forbes
Em 1972, Katharine Graham foi anunciada como CEO do jornal norte-americano Washington Post, o que a tornou a primeira CEO mulher de uma empresa rankeada no top 500 da Forbes. A oficialização do cargo foi importante, mas tardia: sempre correu no meio jornalístico dos EUA que era ela quem comandava o jornal desde 1963, só que quem levava o mérito era seu marido, Philip.
Katharine era a diretora do jornal durante o escândalo de Watergate (1972-1974). O ataque aos escritórios do Partido Democrata dos EUA foi noticiado inicialmente apenas pelo Washington Post e investigado por dois repórteres do jornal. Houve um furor na imprensa, mas logo os outros jornalões deixaram o caso de lado.
A CEO insistiu que ali tinha algo a mais e deu carta branca para que seus repórteres investigativos continuassem o trabalho. Em 1974, depois de dois anos de provas e denúncias colhidas pela equipe do Washington Post e levadas à Justiça norte-americana, o presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, teve que assumir sua culpa no caso e renunciou. Se não fosse a insistência dela, a história dos EUA teria sido bem diferente.
Ela foi interpretada por Meryl Streep no filme “The Post – A Guerra Secreta”
Valentina Tereshkova – Primeira mulher a ir ao espaço no mundo
De 1957 a 1975, a corrida espacial entre EUA e URSS foi acirrada e as duas potências tiveram seus méritos. Mas a União Soviética ganhou em um ponto: é de lá a primeira mulher a ir ao espaço na história. Valentina Tereshkova participou de uma missão em junho de 1963 e depois ainda foi a primeira – e, até hoje, única – mulher a fazer um voo solo para fora do planeta.
Quando se aposentou da carreira de cosmonauta, Valentina voltou-se para a política e atualmente é deputada na Rússia.
Khertek Anchimaa-Toka – Primeira chefe de estado do mundo
Durante a vigência da União Soviética (de 1922 a 1991), foi eleita a primeira chefe de estado de um país da era moderna: Khertek Anchimaa-Toka, presidente da república de Tuva, uma das divisões federais locais.
Depois de ter sido presidente do parlamento, ela foi eleita presidente do país em 1940. Seu mandato foi de 6 de abril de 1940 a 11 de outubro de 1944.