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Meu aluno-problema se tornou um rico advogado

O Nerivaldo já tinha repetido de ano cinco vezes quando caiu na minha classe. Bastou dar carinho e atenção para ele se transformar no destaque da escola

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 08h07 - Publicado em 27 Maio 2009, 21h00
Meu aluno-problema se tornou um rico advogado

Até livro meu querido ex-aluno já 
escreveu! Dá pra ficar mais 
orgulhosa?
Foto: arquivo pessoal

Minha carreira começou em 1980, quando eu tinha 21 anos. Eu dava aula na Escola Estadual Major João Marques de Oliveira, na cidade de Machados, interior de Pernambuco. A diretora da escola era dona Gracinha, minha mãe adotiva. Em 1983, fizemos a matrícula de um menino para a primeira série, o Nerivaldo. Nunca imaginaria que aquele garoto tão simples ainda iria me surpreender tanto!

O Nerivaldo caiu na minha sala. Apesar das estripulias de menino, ele era um dos melhores alunos. Fiquei surpresa quando soube que aquele garoto era repetente havia cinco anos. O que havia de errado? Para descobrir, conversei com ele, que me contou que os professores não davam muita atenção aos alunos fora da sala de aula. Eles não criavam uma relação de amizade com as crianças.

O Nerivaldo virou doutor no Rio de Janeiro

No final da primeira série, percebi que o Nerivaldo aprendia com muita facilidade. Então, sugeri que fosse feito um teste para aceleração de turma. E não é que o meu aluno foi direto para a terceira série?
Na quinta série, o Nerivaldo mudou de escola e, em seguida, a família dele foi para outra cidade. O tempo passou. Soube que ele tinha ido ao Rio de Janeiro concluir os estudos e fazer faculdade. Nunca mais nos vimos até 2005, quando ele passou na minha rua entregando presentes de Natal pra criançada da cidade.

Duas décadas depois, ele estava com 33 anos em frente à minha casa dando brinquedos aos meus dois netos. Não o reconheci na hora, até que ele sorriu – aquele mesmo sorriso de menino. ”Professora?!”, ele também não esperava por esse reencontro. Não nos víamos desde os tempos de escola. Ele, então, me falou que era advogado e que tinha até uma empresa. Que orgulho eu senti!

O melhor presente do mundo

Em julho de 2007, Nerivaldo me telefonou. Era um convite pra ir ao Rio de Janeiro dali a três dias. Minha amiga Lídia foi junto. Conhecemos o Cristo, o Pão de Açúcar e visitei o Nerivaldo na empresa dele. Mas a maior surpresa estava por vir. Meu ex-aluno organizou um reencontro com meus quatro irmãos biológicos que eu não via desde a infância.

Quando cheguei ao restaurante, a surpresa: lá estavam os quatro e uma porção de sobrinhos! Foi minha amiga Lídia quem passou o telefone dos meus irmãos para o Nerivaldo. Não tinha lágrimas para expressar tanta alegria!

Hoje, mantenho contato com o Nerivaldo por telefone, e-mail e Orkut. Aliás, foi ele quem me deu o computador. Ainda dou aulas de história aqui no interior do Pernambuco. Me aposento em 2010, quando completo 30 anos como professora da rede estadual. É bom demais ter o exemplo do Nerivaldo para ver que vale a pena investir em cada um dos meus aluninhos.

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