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Falo mais de 115 línguas

Estudo ao menos um idioma por ano. Esse é um dos segredos da minha facilidade

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 10h01 - Publicado em 17 dez 2008, 21h00
Marco Antônio Miguel (/)
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Falo mais de 115 línguas

Não sei dizer que línguas são mais 
fáceis ou difíceis de aprender. Quanto 
mais você estuda, mais fácil fica
Foto: arquivo pessoal

Já ouviu falar em bislama, urdu ou hitita? São idiomas, como o espanhol e o inglês. Após mais de 50 anos de estudos, sei traduzir todos esses. Conheço palavras em mais de 115 idiomas. Agora, estudo o 120º, o tamaxeque, falado pelos beduínos que vivem no deserto do Saara, no Norte da África.

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Sou o recordista mundial em línguas. Se você me der um tempo, falo com qualquer pessoa no mundo! O pessoal se espanta. Fui o único latino-americano em um congresso de idiomas na Macedônia, no Leste Europeu. Lá, um jornalista veio falar comigo.

Como eu não dominava o macedônio, dei a entrevista em russo. Marcamos outro bate-papo para dali um mês, e voltei a estudar o idioma. O jornalista ficou surpreso ao me ver falar a língua dele…

O italiano foi minha primeira língua gringa

Minha paixão vem de criança. Um tio me ensinou italiano. Eu morava em Dom Pedrito, na fronteira com o Uruguai, então já tinha contato com o espanhol. Na escola, estudávamos latim, francês e inglês, e eu tirava boas notas.

No ensino médio, tive contato com o alemão. Depois, cursei Letras e conheci árabe, russo, sueco… Nesse período, tomei uma decisão: estudar ao menos um idioma por ano. Já se passaram 50 anos… Ou seja, estudei, em média, duas línguas a cada 12 meses.

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No regime militar, eu trabalhava na Petrobras. Como eu sabia falar russo e chinês, acharam que eu era comunista! Fui demitido e, sem opções de trabalho, consegui uma bolsa para estudar na Europa. Fui para lá com minha família.

Passei mais de 20 anos lá, principalmente na Espanha e na Itália, dando aulas de português. Lecionei nos EUA e no Uruguai. Conheci China, Turquia, Japão…

Na antiga Iugoslávia, tive um susto. Explodiu um conflito entre cristãos e muçulmanos, a guerra dos Bálcãs. Vi bombardeios e tiroteios. Tive de sair correndo! Aconteceu a mesma coisa no Irã. Houve uma revolução em 1979, e eu não fiquei por lá, não!

Nos anos 80 — veja só a ironia — o governo brasileiro me contratou para ser adido cultural na Bolívia. Morei lá por dez anos e aprendi duas línguas indígenas, o quéchua e o aimará.

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Minha família virou poliglota também

Meus filhos cresceram no exterior. Nenhum deles mora aqui. Um casou com uma italiana, outro com uma alemã. Minha filha casou com um grego, separou-se e está com um espanhol. Todos me deram netos. Pra falar com minha família, só sendo poliglota!

Gosto muito de traduzir. Lancei um livro em que passo para o português poemas em 60 línguas. A Universidade de Cambridge, na Inglaterra, me considera um dos 2 mil intelectuais mais importantes do século 21 na minha área. Não importa: mais que títulos ou recordes, busco o conhecimento.

Dicas para aprender um idioma estrangeiro

Não sei dizer que línguas são mais fáceis ou difíceis de aprender. Quanto mais você estuda, mais fácil fica. Se você sabe alemão e inglês, pega o holandês. Já o russo é próximo do polonês e do tcheco. E, sabendo português, fi ca fácil aprender francês e espanhol. As três têm a mesma raiz: o latim.

Certos povos têm uma maneira totalmente diferente de ver o mundo. Por isso, é importante trocar idéias com eles. Em cada universidade que eu trabalhava, procurava pessoas de todas as línguas.

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Para conhecer os idiomas, é preciso ter contato com quem os fala. Quando isso não for possível, procure livros e gravações. Mas o importante são as pessoas. A língua é só um amontoado de regras.

O conselho para aprender idiomas é se interessar pela cultura do país. Aí, você pode tentar entender as pessoas, os hábitos e costumes do lugar e pensar na língua local.

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