Empreendedorismo social: histórias de mulheres que querem mudar o mundo
Mulheres que arregaçam as mangas para trabalhar por um mundo melhor contam suas histórias inspiradoras de empreendedorismo social
A equipe da Imagina na Copa
Foto: Arquivo pessoal
Em 2012, a agência americana Intelligence Group entrevistou quase mil pessoas com idades entre 14 e 34 anos para saber quem elas achavam que poderia de fato fazer o mundo melhor: Barack Obama, Mark Zuckerberg, Oprah, Greenpeace, Apple ou os próprios entrevistados. A maioria disse que eles próprios são mais capazes de transformar o mundo do que qualquer outro.
Confira as histórias de Mariana, Miriam e Gilze, mulheres que, acreditando na própria capacidade de mudar o mundo, abraçaram causas sociais para impactar a vida das pessoas.
Por um Brasil campeão
Mariana Ribeiro, 27 anos, é uma das idealizadoras do Projeto Imagina na Copa, que luta para que o país seja vencedor em outras áreas, além do futebol
Trabalhei muito tempo na área de marketing de um banco e, mesmo tendo orientado minha carreira para as áreas social e cultural da empresa, sempre ficava angustiada com o resultado das minhas atividades. O que eu queria mesmo era causar um impacto maior na sociedade. Em 2012, eu e uma amiga, Fernanda Cabral, tivemos a ideia de usar a Copa do Mundo para mudar o Brasil porque acreditamos o país não deve ser campeão apenas no futebol. Em vez de usar a frase imagina na Copa para reclamar do que está errado, resolvemos adotá-la para nos unir e fazer dar certo. Optamos por falar com a nossa própria geração, que está despertando para a busca de um significado maior para sua atuação no dia a dia e que acredita no poder da diferença e na busca o novo. Pouco tempo depois de tomar essa decisão, pedimos demissão para tocar o projeto. Viajamos pelas 12 cidades-sede da Copa oferecendo oficinas educativas para jovens e recolhendo histórias de quem já está transformando o país. Os depoimentos são publicados no site https://imaginanacopa.com.br/ o objetivo é que eles sirvam de inspiração e mostrem que é possível fazer a diferença com os recursos que temos. Hoje somos quatro pessoas e vivemos das nossas próprias economias. Mas, se mudarmos a vida de algumas pessoas, terá valido a pena.
Miriam Lima, da Rede Asta
Foto: Arquivo pessoal
Produtos do bem
Miriam Lima, 46 anos, representa em São Paulo a Rede Asta, um negócio social que promove redes e trabalha para transformar a vida das produtoras do bem
Sou formada em administração de empresas, com especialização em comércio exterior. Ganhava bem durante os 15 anos que trabalhei no setor privado, mas não me sentia realizada. Há alguns anos, comecei a ser voluntária em ONGs e percebi que gostaria de transformar aquilo no meu trabalho. Guardei dinheiro por um ano antes de fazer a transição para o Terceiro Setor e, só então, pedi demissão. Fiz alguns cursos e consegui serviços temporários usava meus conhecimentos de comércio exterior e administração para ajudar, por exemplo, uma instituição a exportar bonecas artesanais feitas por uma comunidade carente. Conheci as meninas da Rede Asta e me encantei com a proposta, de ser a primeira rede de venda direta de produtos do bem do Brasil. Tudo é feito por grupos de artesãos de comunidades pobres, com material reciclado. Depois, as vendas são feitas no estilo porta a porta. Hoje, 100% do meu tempo é dedicado à Asta. Ganho muito menos do que antes, mas me sinto mais rica em vários sentidos.
Gilze Francisco, do Instituto Neo Mama
Foto: Arquivo pessoal
Apoio a vítimas do câncer de mama
Gilze Francisco, 52 anos, é enfermeira e apresentadora de TV. Criou e dirige o Instituto Neo Mama, em Santos (SP), que atende vítimas do câncer de mama
Aos 38 anos, descobrir que tinha câncer de mama após sentir um nódulo no seio. Depois de um mês, fiz mastectomia [retirada cirúrgica das mamas] e iniciei a quimioterapia. Foram sete meses horríveis, com efeitos colaterais muito fortes. Naquela época, há 14 anos, não havia remédios para tratar ou amenizar esses efeitos, como já existem hoje. Engordei muito depois da quimio, chegando a pesar 122 quilos, e desenvolvi hipertensão e diabetes. Fiz a cirurgia de redução de estômago há três anos e, em seguida, reconstruí a mama. Aprendi a cuidar da minha alimentação, deixar de ser sedentária e controlar o estresse. Participei de um programa de auditório em que contei minha história e, em dois dias, recebi 48 mil emails com perguntas e relatos sobre a doença. Para mim, aquilo foi um sinal. Percebi que as mulheres tinham muitas dúvidas e receios sobre o câncer e que não tinham nem mesmo com quem conversar sobre isso. Então, em 2002, resolvi criar um instituto sem fins lucrativos para atender mulheres acometidas pela doença e seus familiares, o Instituto Neo Mama, onde oferecemos gratuitamente atendimento psicológico, fisioterapia, banco de próteses e de perucas, assessoria jurídica e atendimento nutricional, entre outros serviços. Também apresento um programa de TV sobre saúde e bem-estar chamado Um Toque Pela Vida, transmitido pela internet e pela Santa Cecília TV, na Baixada Santista. Todo o dinheiro do patrocínio vai para o Instituto. Saber que essas mulheres têm o apoio e a assistência que eu não tive dá mais sentido à minha vida.