Graduada em marketing com MBA pela Fundação Dom Cabral, Cristina Duclos tem 46 anos e, há sete, atua como diretora de marketing da operadora Telefônica Vivo. Uma das executivas mais bem-sucedidas em sua área, Cristina dá um depoimento sobre carreira, filhos e rotina.
“Lidero 150 pessoas, como diretora de uma empresa gigante que fatura 40 bilhões de reais e atua em um mercado superagressivo. Sou mãe de duas crianças e tenho um marido publicitário, que também leva uma vida agitada. Faço ginástica todas as manhãs.
Muita gente me pergunta como consigo fazer tudo isso. Sempre digo que não consigo. Fazer tudo seria mágica e não tenho ambição de ser mágica. Priorizo o que é importante e abro mão do que vai doer menos se eu não fizer. Participo de todas as reuniões e apresentações na escola dos meus filhos, mesmo que tenha de voltar para o escritório em seguida, como acontece na maioria das vezes. Não posso, por exemplo, sair de lá e tirar a tarde livre com eles. Também acompanho a lição de casa. Meu filho de 12 anos é mais independente, mas a caçula, de 10, gosta que eu estude com ela. Estudo, dou uma força quando tem prova, ajudo no inglês. Mas não estou presente na rotina propriamente dita, no leva-e-traz da escola, nas consultas ao médico ou ao dentista. Adoraria fazer isso, mas é impossível, como também ficou impossível realizar outras coisas mais simples. Não vou ao supermercado e quase não saio para ir ao cinema ou a um restaurante só com o meu marido.
Meu dia é totalmente preenchido. E não me incomoda ter muitas coisas para fazer. Aliás, quanto mais tiver, melhor. Moro perto do trabalho para facilitar as coisas e, mesmo assim, faço reuniões em call durante todos os deslocamentos. Acordo às 6 horas da manhã e durmo perto da meia-noite. No café da manhã, fico mais com meu filho. À noite, depois de jantarmos todos juntos, dou mais atenção à minha filha. Isso também ajuda a equilibrar o tempo que dedico a eles. Mais tarde, volto a trabalhar até a hora de desmaiar na cama. Nos fins de semana, vamos para nossa casa no interior. Ficamos juntos, mas não deixo o trabalho de lado. Estou sempre lendo ou pesquisando alguma coisa. Isso também é lazer para mim.
Priorizar a carreira foi minha escolha e sei que toda escolha é um processo de perdas e ganhos, com ônus e bônus. É utópico achar que alguém pode ser bem-sucedido trabalhando apenas oito horas por dia, de segunda a sexta-feira. Respeito quem optou por ganhar menos ou ter um cargo com menos responsabilidades, mas a minha carreira, como quero que ela seja, exige dedicação extra, estudo, reciclagem, tempo para olhar tendências, observar a concorrência, estar com as áreas de negócios.
Quem quer fazer um trabalho primoroso, com algo a mais, precisa saber que isso exige esforço adicional também. Para mim, ser bem-sucedido é fazer o que você gosta sem abrir mão do que é essencial na vida. O importante é que você se sinta bem-resolvida com suas escolhas e seu status quo.
Sei que não consigo fazer tudo, mas o prazer que o trabalho me dá compensa tudo o que deixo para trás.”
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