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De publicitária a faxineira para sobreviver fora do Brasil

Abandonei minha carreira para encarar subempregos na Austrália e senti na pele o que é ser uma pessoa invisível

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 12h12 - Publicado em 28 out 2008, 21h00
Myrian Rosário (/)
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De publicitária a faxineira para sobreviver fora do Brasil

Morar fora do país era o meu sonho, eu tinha que tentar
Foto: Arquivo pessoal

Eu tinha ido em busca do sonho de morar fora do país. Joguei pro alto o meu emprego como publicitária em uma grande agência de São Paulo e, em julho do ano passado, desembarquei na Austrália para fazer um curso de inglês. O contrato com a escola garantia um mês de estadia numa casa de família e, cheia de expectativas, me vi em Melbourne sozinha. Foi um choque.

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Ouvia dizer que a Austrália tinha o clima e a cultura muito parecidos com os nossos. Nada disso! Em Melbourne faz frio o ano inteiro e os australianos não são simpáticos com imigrantes. Outra decepção foi constatar que o meu inglês, definido como intermediário no curso intensivo de seis meses que fiz no Brasil, era básico. Pra piorar, a dona da casa onde eu morava não gostava de conversa e as duas estrangeiras que estavam ali comigo não falavam inglês.

Tive vontade de largar tudo. Mas, depois de 15 dias, comecei a me mexer. Queria mudar de casa e arrumar um emprego.


O uniforme me fez invisível
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Na escola outros brasileiros me deram indicações de trabalho. Elaborei um currículo em inglês e fui à luta. Como minha comunicação era limitada, ouvi piadas mas não desisti. Em duas semanas consegui trabalho como faxineira. Era num prédio de alto padrão e eu tinha de limpar o andar onde funcionava uma empresa de telecomunicações.

No meu primeiro dia de trabalho, vi refletida no espelho do elevador uma imagem que não era a minha. Usando um uniforme de faxineira me tornei outra pessoa. Uma pessoa invisível.

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Juro, ninguém me enxergava. Percebi que havia passado para o outro lado. No Brasil eu tinha meu cargo numa empresa, era respeitada, tinha mesa, computador e telefone. Na Austrália eu retirava lixo e limpava chão. Como faxineira senti na pele como esses profissionais são humilhados e ignorados, apesar de exercerem um trabalho tão importante para o bem-estar geral.

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