As dicas de três empreendedoras de sucesso
Mulheres que conquistaram espaço no mundo dos negócios dão as dicas para quem quer iniciar um negócio
“É preciso ter paixão pela atividade que você vai exercer”, diz Juliana Mottler
Foto: Caroline Bittencourt
Um fastfood de comida saudável, um ateliê de brigadeiro e um serviço de organização pessoal: são exemplos de boas idéias que, aliadas a muita coragem e esforço de suas criadoras, tornaram-se modelos de sucesso e motivo de realização pessoal. E ajudam a engrossar a estatística sobre o empreendedorismo feminino no país. Segundo um levantamento do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de São Paulo, as mulheres representavam 24% dos empreendedores em 2000 e a previsão é de que o número quase dobre até 2020, chegando a 42% do total. Conheça a história das empreendedoras que investiram nas ideias acima.
“Transformei o hobby em profissão”
Juliana Motter, 36 anos, dona do Maria Brigadeiro, primeiro ateliê de brigadeiro gourmet de São Paulo
“Aos 7 anos de idade, minha avó já havia me ensinado a fazer brigadeiro. Era o meu doce preferido e também o presente que eu escolhia dar para os amigos nos aniversários. Sempre que eu chegava com uma bandeja dos docinhos, alguém falava lá vem a Maria Brigadeiro, e eu achava graça. Eu sentia que deveria trabalhar com isso, mas minha mãe dizia que no momento em que eu transformasse o hobby em profissão eu perderia um hobby e ganharia um problema… então fiz jornalismo e fui trabalhar em revistas. Em casa, eu inventava novas receitas do doce típico de festas infantis: usava chocolate branco, amargo, acrescentava pistache, nutella… e dava de presente aos amigos. Fiz faculdade de gastronomia pensando em escrever sobre o tema com mais propriedade, mas acabei mesmo aplicando os ensinamentos de confeitaria em mais receitas de brigadeiro. Um dia, uma amiga comentou que iria fazer uma festa para o filho, mas que não teria tempo de fazer docinhos. Eu achei um absurdo uma festa infantil sem o doce mais popular do país e me ofereci para levar alguns. Eu não imaginava o sucesso que eles fariam: várias pessoas vieram me pedir o contato para novas encomendas e na mesma semana me fizeram uma encomenda de mil unidades para o lançamento de um livro. Em poucos meses, tive que abandonar o jornalismo e abrir o ateliê para dar conta das encomendas que não paravam de chegar. Foi uma aposta: pedi demissão e, com a indenização, aluguei uma casa e fiz material de divulgação. Eu cozinhava, atendia, cuidava do marketing… quase enlouqueci. Mas, ao mesmo tempo, estava muito feliz, fazendo o que é a minha vocação. Muitos acharam loucura apostar em uma loja de brigadeiro gourmet, principalmente por ser de um doce só. Hoje, depois de seis anos, fiz vários cursos para aprender a administrar meu negócio. Tenho 40 funcionários e produzo entre 5 e 7 mil unidades do doce por dia. Consegui terceirizar a parte administrativa para focar no que realmente gosto, que é estar ao pé do fogão, desenvolvendo receitas e controlando a qualidade do produto. Transformei o hobby em negócio e acredito na questão afetiva disso é preciso ter paixão pela atividade que você vai exercer. Acho que assim as chances de dar certo aumentam muito”.
“Faz quatro anos que estou nesse ramo e sou realizada”, diz Dani Ferreira
Foto: Arquivo pessoal
“Amo fazer o que a maioria das pessoas odeia”
Dani Ferreira, 40 anos, assessora pessoal, especializada em organização
“Sou formada em administração e durante quase 10 anos trabalhei em bancos, como gerente de atendimento. Ganhava o suficiente, mas era muito infeliz com a minha profissão e também não tinha idéia do que gostaria de fazer sempre que imaginava o que me dava prazer, me via fazendo compras ou tarefas domésticas. Queria mesmo era ser dona-de-casa! Fui morar na Inglaterra por dois anos e lá fiz um pouco de tudo até faxina. Cuidava da casa de uma cliente e ela me pedia para ajudar em tarefas que iam além da limpeza tinham mais a ver com organização mesmo e adorava. De volta ao Brasil e ainda infeliz no banco, minha terapeuta me colocou contra a parede, dizendo que era a hora de eu dar um jeito nessa infelicidade profissional e procurar trabalhar no que gosto. Encontrei um curso de organização ministrado por uma escola norte-americana aqui em São Paulo e finalmente me encontrei como personal organizer, uma profissão praticamente desconhecida no Brasil, mas bem comum e valorizada em vários países. Um dia, quanto contei a uma amiga que estava estudando isso, ela me pediu para cuidar da reforma da casa dela enquanto viajasse e disse que me pagaria por isso foi um dos meus primeiros trabalhos remunerados nessa área. Pedi demissão do banco e durante 40 dias fiquei correndo atrás de pedreiro, pintor, eletricista, comprando material de construção… e feliz da vida! Outras amigas começaram a me chamar para tarefas parecidas e a coisa foi crescendo. Faz quatro anos que estou nesse ramo e sou realizada. Minha vantagem é gostar de fazer o que a maioria das pessoas odeia, como cuidar de reformas, organizar mudanças e procurar imóveis para alugar”.
“É a realização de um sonho conquistado com muito trabalho, disciplina e pesquisa”, diz Bia Campos
Foto: André Pera
“Pesquisei muito antes de abrir o negócio”
Bia Campos, 42 anos, dona da Seletti, primeira rede de fastfood saudável do Brasil
“Eu sou publicitária e sempre trabalhei com eventos. Depois que casei resolvi diminuir um pouco o ritmo e abri uma loja de aromaterapia em um shopping de São Paulo. Meu marido era do ramo de alimentação ele era sócio de uma rede de restaurantes de massas e eu tinha, por isso, contato com a administração de restaurantes. Durante quatro anos, eu comia todos os dias na praça de alimentação do shopping e não gostava disso, pois tinha muita dificuldade em me alimentar bem. Comecei a pensar em um projeto de uma rede de fastfood de comida saudável isso em uma época em que ninguém ligava muito para isso e esse tipo de comida era considerada sem graça. Eu vendi a minha loja de aromas e passei e me dedicar somente ao projeto passei três anos pesquisando sobre o assunto. Viajamos para conhecer cardápios e tendências, contratamos uma empresa de consultoria nutricional e outra de gastronomia. Somente quatro anos depois abrimos a primeira loja, no mesmo shopping onde comecei. Meu marido logo vendeu a sociedade no outro restaurante para se dedicar comigo ao novo negócio. Mesmo com os erros e adaptações do primeiro ano, fundos nos procuraram para investir no Seletti. Resistimos à tentação, por acharmos que estaríamos dando um passo maior que as pernas. Era desgastante, mas ao mesmo tempo foi bom ver a coisa dando certo o feedback positivo das pessoas, contentes por terem uma opção saborosa e saudável de alimentação no shopping. Em 2008, inauguramos outras três unidades e não paramos mais de crescer. Abrimos o negócio para franquias e já temos mais de 30 lojas em vários estados do Brasil. É a realização de um sonho conquistado com muito trabalho, disciplina e pesquisa”.