Em vez de hidratar, óleo de coco pode ressecar os cabelos
O queridinho da hidratação natural tem o efeito contrário em alguns tipos de fios e pode, ainda, prejudicar o couro cabeludo
Já faz alguns anos que o óleo de coco é considerado a solução de todos problemas para os cabelos. É taaanta gente falando taaantas maravilhas sobre seu poder de hidratação que quem não vê os mesmos resultados nos próprios fios costuma ficar meio quieta e pensando que está fazendo algo errado. Pois um estudo recente da Universidade de Princeton (Nova Jersey, EUA) mostra que todas têm razão: apesar de ser um hidratante poderoso em muitos casos, o óleo de coco pode ressecar determinados tipos de cabelos e deixá-los com aquela sensação horrorosa e frustrante de fios duros.
No estudo, 224 voluntárias foram divididas em dois grupos de 112 pessoas: um só com mulheres que usam tinta ou equipamentos como chapinha e baby liss nos cabelos e outro com as de cabelos “virgens” e sem interferência externa para a modelagem. Após um mês de uso semanal de óleo de coco, todas do primeiro grupo tiveram melhora na qualidade dos fios, enquanto 94 do segundo grupo declararam que seus fios estavam secos e sem movimento.
Sem espaço para a água
Isso ocorreu porque o óleo de coco penetra nos fios e ajuda a preencher o interior deles – em alguns casos, até demais.
A dermatologista especialista em tricologia Michelle de Lima Ourives Palmiro, da Clínica BellaDerm, explica que os óleos minerais comuns, que estão na maioria dos cremes que compramos prontos, agem nas cutículas dos fios, enquanto o óleo de coco entra no córtex deles. “Isso limita a abertura da cutícula e a perda proteica, mas também impede parcialmente a entrada de água”, afirma.
Se os fios estão com as cutículas abertas por causa de chapinhas, escovas quentes, tintura ou pontas duplas, o óleo de coco ocupa um espaço necessário e é realmente maravilhoso. “Mas quando esse fio está saudável e não precisaria de maciez extra, só da hidratação normal da água, o óleo de coco fecha totalmente suas cutículas e ele fica duro, com aparência de plastificado e realmente ressecado por dentro, porque a água não tem espaço para entrar”, diz a dermatologista. O ressecamento se sente no toque e na escovação.
Trocando em miúdos, o fio saudável fica tão saturado pelo óleo de coco que não cabe mais nada lá dentro, nem água. Que nem acontece quando a gente come demais e não sobra espaço para a sobremesa; a refeição excessiva é o óleo de coco e a sobremesa, a água.
Os cabelos que costumam sofrer com o óleo de coco são os de fios grossos, independentemente da cor ou da textura (lisos, ondulados, encaracolados ou crespos), e aqueles que estão puros e bem tratados.
Cuidado também no couro cabeludo
Outro estudo da Princeton, este ainda em estágio inicial, quer testar o efeito do óleo de coco no couro cabeludo. A dermatologista Michelle já adianta que o resultado não deverá ser 100% positivo.
“O óleo de coco auxilia na hidratação do couro cabeludo, porém deve-se tomar cuidado com o excesso. Quando aplicado mais de uma vez por semana e por mais tempo do que duas horas antes da lavagem, ele pode gerar aumento da oleosidade da pele do couro cabeludo, caspa, coceira e queda de cabelos”, alerta.
Caso esses sintomas apareçam, a dica da especialista é usar xampu de aloe vera para amenizar a coceira e já marcar um horário na dermatologista.
Alternativas naturais
Se os seus cabelos são de um tipo que não se dá bem com o óleo de coco e você quer tentar uma hidratação mais natureba/menos química, pode usar uma destas receitas uma vez por semana:
– ½ abacate + uma colher de chá de óleo de argan
Ou
– 1 colher de sopa de iogurte natural + 1 colher de chá de óleo de argan
Passe a mistura nos cabelos, deixe agir por 30 minutos e lave em seguida, de preferência com um xampu sem sulfetos.