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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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Como é o mercado de publicações infantojuvenis ao redor do mundo?

Dados de publicações ao redor do mundo provam que dizer que jovens não gostam de ler é mito

Por Stéphanie Habrich
Atualizado em 3 jun 2020, 11h11 - Publicado em 3 jun 2020, 10h00

Em 2011, criei o Joca, o primeiro jornal para crianças e jovens do Brasil, uma publicação que trata sobre notícias do país e do mundo com uma abordagem adequada a essa faixa etária.

De lá para cá, muitas vezes me deparei com pessoas admiradas com a ideia de existir um jornal de atualidades voltado para esse público. Mas a verdade é que eu não criei todo um conceito do zero. Em outros países, como Estados Unidos, França e Japão, publicações de notícias para jovens existem há décadas – e fazem muito sucesso.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a revista Time For Kids, lançada em 1995, é publicada semanalmente e conta com quase 1,5 milhão de leitores: 1,4 milhão de estudantes e 58 mil professores. Além dos textos, que visam explicar a complexidade do mundo para os jovens, a cada edição a publicação disponibiliza um guia para os professores e exercícios para avaliação do aluno – algo parecido com o que oferecemos para os pais e educadores que assinam o Joca.

Já na França, país que talvez seja a maior referência nesse tipo de segmento, existem cerca de 285 revistas e jornais para crianças e jovens. De acordo com uma reportagem publicada pelo site Franceinfo em 2018, juntas, essas publicações reuniam 9,6 milhões de leitores dois anos atrás – quase três vezes a população do Uruguai.

Outro fato interessante que vem da França: enquanto veículos do mundo todo, voltados para o público adulto, perdem assinantes e promovem demissões em massa, muitas publicações infantojuvenis francesas vêm crescendo nos últimos anos. A Bayard Presse, empresa líder do segmento, que publica 30 revistas para crianças e jovens de 1 a 15 anos, anunciou um aumento de suas vendas em 17% desde 2016. Outra editora importante no mercado francês, a Playbac Presse, que detém os títulos Petit Quotidien, Mon Quotidien, L’Actu e L’Eco, estima em 29 milhões de euros o valor de seu negócio (entre revistas, jornais e jogos educativos) e tem títulos publicados diariamente – a maioria dos jornais infantojuvenis são semanais, com exceção de algumas publicações da Playbac Presse e de alguns periódicos da Ásia.

E não é só lá fora que os jovens estão se interessando por publicações de atualidades. Hoje, no Joca, temos cerca de 30.000 assinantes de todas as partes do Brasil. Além disso, uma pesquisa feita pela Planète d’Entrepreneurs com a HEC de Paris comparou crianças que são leitoras do Joca com crianças que não são leitoras. O resultado foi que, entre os leitores, 26% afirmaram que se interessam por matérias de ciências, tecnologia e finanças, ao passo que, entre os não-leitores, apenas 2% demostraram interesse por esses assuntos. Ao mesmo tempo, quando perguntados sobre notícias recentes a que haviam tido acesso, apenas 13% dos leitores do Joca citaram conteúdos relacionados a celebridades e entretenimento de massa. Entre os não-leitores, chegou a 30% o porcentual dos que mencionaram matérias sobre esses temas.

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Porém, o que mais nos dá orgulho, na verdade, não são esses números. O que mais nos encoraja a continuar com nosso trabalho são as histórias de como o jornal repercute na vida dos leitores. E, em nove anos de existência, podemos nos orgulhar de termos muitas: já vimos crianças de uma região carente do interior de São Paulo lerem uma matéria no jornal sobre a crise dos refugiados e, depois, organizarem um brechó com suas próprias roupas e entregarem o dinheiro a famílias de refugiados no Brasil; crianças que organizaram uma espécie de olimpíada na escola após terem lido sobre o problema da obesidade entre os jovens brasileiros; e até leitores que souberam do Impeachment de 2016 no jornal e depois explicaram o processo aos pais, que não estavam entendendo a situação.

Todos nós já ouvimos alguém dizer que os jovens de hoje não gostam de ler e que só se interessam por eletrônicos. Mas essas histórias e esses dados positivos de publicações ao redor do mundo nos provam que isso não passa de um mito. Quando têm acesso a notícias contextualizadas, dinâmicas e abordadas com uma linguagem adequada à sua faixa etária, os jovens passam a se interessar pelo conteúdo. Com isso, sentem que têm o direito de saber o que está acontecendo no mundo e que também fazem parte da sociedade (no meu último texto, falei um pouco sobre a importância de crianças e jovens estarem antenadas com o que acontece no país e no mundo – caso não tenha lido, clique aqui).

Em suma, o que o Joca e todas as outras publicações infantojuvenis ao redor do mundo fazem é cumprir com artigos fundamentais da Convenção Sobre os Direitos da Criança, adotada, em 1989, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, e que, entre outras questões, reforça a importância de os jovens terem acesso à informação.

Para terminar, deixo vocês com os artigos que abordam esse ponto. Até a próxima!

Convenção Sobre os Direitos da Criança

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Art. 13

1 – A criança terá direito à liberdade de expressão. Esse direito incluirá a liberdade de procurar, receber e divulgar informações e ideias de todo tipo, independentemente de fronteiras, de forma oral, escrita ou impressa, por meio das artes ou de qualquer outro meio escolhido pela criança. 

Art. 17 

1 – Os Estados Partes reconhecem a função importante desempenhada pelos meios de comunicação e zelarão para que a criança tenha acesso a informações e materiais procedentes de diversas fontes nacionais e internacionais, especialmente informações e materiais que visem promover seu bem-estar social, espiritual e moral e sua saúde física e mental.

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