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Juliana Borges é escritora, pisciana, antipunitivista, fã de Beyoncé, Miles Davis, Nina Simone e Rolling Stones. Quer ser antropóloga um dia. É autora do livro “Encarceramento em massa”, da Coleção Feminismos Plurais.
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1 de setembro, dia de volta para Hogwarts

Fã da saga Harry Potter, a escritora Juliana Borges explica a importância da data para os leitores e também critica ideias transfóbicas da autora

Por Da Redação
2 set 2020, 20h30

São Paulo, 02 de setembro de 2020

Sim, eu estou escrevendo sobre o dia 01 de setembro no dia 02. Eu precisava falar sobre o meu tempo ontem e não poderia deixar passar batido esse dia. E, sim, eu sou uma fã de Harry Potter. Você pode pensar “Mas, querida, você lá tem idade para isso?”. E, olha, eu te peço paciência. Eu sou uma pessoa que gosta de tudo que envolva bruxos, mitologia, zumbis e vampiros. Não chego a fazer cosplay. Respeito, mas acho over. Mas, repito: respeito.

Para você que não tem ideia do que é o dia de “Volta para Hogwarts” (#backToHogwarts), eu explico: é o retorno das aulas para a escola dos bruxos. É o dia clássico em que Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley voltam para Hogwarts School of Witchcraft and Wizardry, a escola de magia para alunos entre 11 e 17 anos. A clássica cena de embarque na Plataforma de trem 9 ¾ é marcante para quem curte a saga. E, todos os anos, fãs se reúnem nela, em Londres, para apontar suas varinhas e celebrar esse momento.

Por conta da pandemia, esse ano foi diferente e fãs do mundo todo puderam participar de uma programação, em lives com a presença de alguns dos atores da saga. E lá estava eu, às 6h30 da manhã, horário brasileiro, e 10h30, horário britânico, para acompanhar tudo. Às vezes, um pouco perdida no inglês britânico, mas quem se importa? Se você é fã e insone como eu, já logo aproveitou a puxadinha de horário e garantiu sua presença.

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A saga do bruxinho é importantíssima. Mesmo depois de anos, segue entre livros infanto-juvenis mais vendidos e com espectadores novos e antigos vendo e revendo os filmes, seguindo a saga de Animais Fantásticos e ainda encantados com esse universo. Os sete livros e oito filmes já movimentaram bilhões pelo mundo e há uma série de controvérsias em torno, principalmente, da produção literária. Muito por uma problemática elitista, que produz abismos e binarismos entre uma alta e “baixa cultura”. Ser popular é fator de degradação e de baixo valor estético e literário de uma obra? Para alguns, infelizmente, sim. E não dá para pensar nisso sem fazer uma ligação com os abismos cada vez maiores entre o mundo dos livros e a população no geral.

Eu confesso que, lá atrás, também virei um pouco o nariz para Harry Potter, até que decidi ler o primeiro livro e percebi a grande bobagem disso tudo. E, para alguns pode ser pior, eu considero para melhor, me tornei fã ao ponto de, ontem, ter ficado acordada só para o Back to Hogwarts Day. Mas, se literatura não for para também divertir, seria tudo um tanto enfadonho.

Outra controvérsia é mais recente e envolve a autora, J. K. Rowling, que fez alegações transfóbicas em suas redes, afirmando que o sexo biológico é o que determinaria a identidade de gênero das pessoas. Eu fiquei extremamente desapontada com essa postura, porque ela limita e marginaliza milhões de pessoas trans no mundo todo. Não é possível acharmos que isso seja aceitável em pleno século XXI. Ao menos, o respeito deve ser um ponto inegociável. A escritora poderia integrar em si questões tão importantes abordadas na saga como amizade, coletividade, construções de relações saudáveis e, fundamentalmente, a empatia, já que sua personagem, Alvo Dumbledore, fez a afirmação tão importante, em Harry Potter e a Câmara Secreta: “São as nossas escolhas, Harry, que revelam o que realmente somos. Muito mais do que as nossas habilidades”.

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Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva:

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