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Por FINANÇAS FEMININAS
Carol Sandler é jornalista, fundadora do Finanças Femininas e autora do "Detox das Compras"
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Mães cansadas e crianças em casa na pandemia são um problema de todos

As mulheres com quem falo estão exaustas. Mas como vão fazer as mães que precisam voltar ao escritório com as crianças em casa?

Por Carol Sandler
Atualizado em 16 jul 2020, 18h54 - Publicado em 16 jul 2020, 18h30

Quando precisei colocar um pé no freio da minha vida profissional no meio da quarentena, senti-me um fracasso. No entanto, a conta simplesmente não fechava: minha filha precisava de atenção e apoio com as suas aulas online e o meu ritmo antigo de trabalho não encaixava na rotina da pandemia. Meu marido é um grande parceiro, mas não tinha jeito – minha filha queria a mãe.

Além do distanciamento social, veio também um outro tipo de isolamento. A falta de contato com colegas, o menor envolvimento em projetos e também uma vergonha enorme por não estar dando conta de tudo me deixaram paralisada.

Não posso reclamar: tenho meu parceiro para dividir as tarefas, conto com o apoio de uma funcionária para me ajudar a dar conta de tudo na minha casa e tenho um trabalho com grande flexibilidade. Ainda assim, o meu dia tem apenas 24 horas.

Quando comecei a olhar as estatísticas, contudo, percebi que não estava sozinha. Os dados são avassaladores. De acordo com estudo publicado no jornal acadêmico Gender, Work & Organization (Gênero, Trabalho & Organizações), a desigualdade de gênero medida por horas de trabalho aumentou de 20% a 50% durante a pandemia. As mulheres com filhos novos diminuíram a sua carga de trabalho de 4 a 5 vezes mais do que os pais.

“O fechamento das escolas e creches por conta da pandemia da Covid-19 aumentou as responsabilidades dos pais e mães que trabalham. Como resultado, muitos mudaram os seus horários de trabalho para dar conta das demandas crescentes”, afirmaram os autores do estudo. A pesquisa foi feita nos Estados Unidos – mas os dados não devem diferir muito da nossa realidade brasileira.

Uma das autoras do estudo, Caitlyn Colllins, fez uma suposição: “quando uma criança precisa de ajuda, ela vai primeiro para a mamãe”. Não sei como funciona na sua casa, querida leitora, mas a frase descreve à perfeição o que acontece na minha. O problema é o efeito cumulativo desta dinâmica. Ao longo dos dias, semanas e meses, isto representa uma queda enorme na quantidade de horas trabalhadas por dia das mulheres.

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Isso no caso de casais com filhos, certo? A realidade fica ainda mais dura no caso das mães solo.

Existe certo alento de me ver como parte das estatísticas. Uma parcela da culpa vai embora, mas no lugar dela entra a raiva.

Sou feminista e foquei a minha carreira na promoção da educação financeira e o empoderamento econômico feminino. Mas existe um limite do que podemos fazer sozinhas dentro deste cenário.

Eu tive o privilégio de poder desacelerar o ritmo, mas poder continuar trabalhando de casa. O que acontece com quem não tem esta opção?

Milhões de mulheres correm o risco de perderem seus empregos ou verem a sua renda reduzida por conta da pandemia. Milhões de crianças correm o risco de ficarem para trás, sem poderem contar com o apoio e atenção de um adulto para o seu desenvolvimento cognitivo e emocional.

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Esta não é uma questão das mulheres. É uma questão da sociedade. A filantropa Melinda Gates, co-presidente da Fundação Gates, foi direto ao ponto: “ignorar os efeitos da Covid-19 nas mulheres vai custar trilhões de dólares para o mundo todo”.

Todas as mulheres com quem falo estão exaustas, desesperadas, sem esperança. Queremos as escolas reabertas – mas com segurança. No entanto, como vão fazer as mães que precisam voltar ao escritório com seus filhos em casa?

Como lidar com este desafio hercúleo?

De acordo com as sugestões de Collins, são temos poucas alternativas: contar com os homens (que precisam dividir não apenas as tarefas domésticas, mas também os cuidados com as crianças) e das empresas (que precisam também oferecer mais flexibilidade para as mães, de forma a evitar uma saída em massa das mulheres da força de trabalho).

Sem esta conversa mais ampla, a desigualdade de gênero só vai aumentar – e isso impacta a todos nós.

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