Sociedade precisa de mulher protagonista no futuro de códigos do digital
Na maioria dos casos, quando se fala em mulheres empreendedoras, a referência são negócios offline
O Brasil tem mais de 7,9 milhões de empreendedoras e mais de 40% dos lares são chefiados por mulheres, segundo o Sebrae, enquanto 59% dos profissionais com ensino superior completo no Brasil também são mulheres (Ministério do Trabalho). Porém, esses números caem quando falamos de níveis de liderança. Dados do IBGE mostram que a participação de mulheres em cargos gerenciais é de 37,8%, mas é de apenas 16% em posições de CEO, de acordo com pesquisa da consultoria Grant Thornton. Quando olhamos para o universo da tecnologia, essa diferença é ainda maior.
Na maioria dos casos, quando se fala em mulheres empreendedoras, a referência são negócios offline, com pouca margem de lucro ou pouca escala: lojas, bazar e empreendimentos voltados exclusivamente para mulheres, como salão de beleza. Esses empreendimentos têm espaço no mercado e trazem condição de satisfação profissional. Porém, o fato que muitas vezes as mulheres escolhem essas opções devido às dificuldades de se inserirem em mercados mais escaláveis (como tecnologia), mais rentáveis (como financeiro) ou sem gênero (mercados que alcançam tanto o consumidor masculino quanto o feminino) mostra um problema a ser desafiado.
Muitos homens ainda julgam as mulheres empreendedoras com base nas suas expectativas limitadas e limitantes em relação ao que eles esperam que seja e que faça a mulher que eles têm em mente. O estudo feito pela Global Entrepreneurship Monitor revelou que essa discriminação conta negativamente para o desenvolvimento das habilidades das mulheres empreendedoras ao redor do mundo. O Fórum Econômico Mundial diz que serão necessários 100 anos para excluir a diferença de gênero entre homens e mulheres! Isso se nós continuarmos a lutar pela evolução das mulheres nesta questão.
Por isso, trago aqui alguns projetos para inspirar você:
Há iniciativas como o Ada, que tem como proposta unir as mulheres no mundo digital, InfoPreta, que oferece serviços tecnológicos feitos por mulheres negras e minorias, o Reprograma, curso de tecnologia para mulheres que tem como missão capacitá-las em programação front-end, oferecendo conhecimentos básicos de empreendedorismo e apoio profissional, a Girls in Tech, uma organização global sem fins lucrativos, presente no Brasil e em outros 52 países, focada no engajamento, educação e capacitação de meninas e mulheres apaixonadas pela tecnologia. Temos também o Desprograme, criado por garotas do segmento que desejam trazer mais diversidade para a área de tecnologia com cursos e workshops para mulheres. O Plano de menina, que acredita que toda menina tem um plano a ser realizado. Claro, que não poderia deixar de trazer meu próprio case e experiência. Na Kickante, a mais importante plataforma de crowdfunding da América Latina, 50% dos projetos financiados são de mulheres. Se você tem um sonho, um projeto em mente, uma vontade, aqui te damos espaço.
Como mulher empreendedora, confirmo que empreender é difícil sim. Mas é difícil para o homem também. Conheça os problemas como empreendedora mas também entenda as possibilidades e participe das redes de apoio para não perder o elemento mais importante do empreendedor de sucesso: a visualização das POSSIBILIDADES.
Candice Pascoal é CEO e fundadora da Kickante.com.br, plataforma premiada de financiamento coletivo, e autora do best-seller “Seu Sonho Tem Futuro”. Poliglota e palestrante internacional, mora no exterior há 20 anos e liderou grandes empresas nos EUA e na Europa antes de decidir empreender
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