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Por Atitude 50
Focada na maturidade como plataforma pessoal, a jornalista Kika Gama Lobo escreve sobre as sensações e barreiras que as mulheres de 50 anos vivenciam
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Endividada? Assume que dói menos

A colunista Kika Gama Lobo reflete nesta coluna sobre os aprendizados (e prazeres!) que obteve ao ter que encarar uma enorme dívida

Por Da Redação
Atualizado em 25 ago 2021, 12h02 - Publicado em 25 ago 2021, 12h00

Descobri algo tão potente quanto o prazer do orgasmo. Gozar ao pagar uma dívida. Estou até agora com a perna bamba. Puro êxtase, relato.

Eu demorei alguns anos para conseguir me livrar de um volumoso débito que contraí naquelas viradas que o barco dá.  Sou mãe solo. Não era. Atualmente sou viúva com ex-marido vivo, aquela sensação de total abandono financeiro por parte de quem ajudou a “fazer” as minhas filhas. O sentimento é dos piores. Me envergonho de ter escolhido para elas alguém que nos desdenha. Somos invisíveis ao seus olhos e, na ânsia de dar uma criação melhor pra elas, fui contraindo empréstimos, dívidas e boletos não pagos.

Quase todo mundo tem vergonha de assumir que esteve ou está no vermelho mesmo com a pandemia rolando. Minha cifra devida tinha muitos zeros e para piorar, dei um bem de família como garantia. O único imóvel apalavrado no imbróglio como patrimônio fiduciário. Podia ir a leilão e ficarmos ainda mais descobertas. Precisava correr pra fazer grana e pagar esse meu ônus.

De um lado um advogado sedento por conquistar o que era do seu cliente, acrescido de multas e ágios. Para se ter uma ideia o valor original da dívida não atingia 50 mil e se transformou em quase 160. Graças a Deus e a uma amiga querida, consegui um advogado justo, humano, jovem (e gato!)  que me ajudou a reduzir esse valor frente aos abusivos custos do indexador IGPM e chegamos a uma redução pelo IPCA e assim fixamos uma bolada gorda para eu honrar.

Noites em claro, medo, vergonha, revolta. Mas levei como ensinamento. Guardei cada centavo. Peguei vários frilas, aceitei bicos e até faxina pra fora eu cogitei, incentivada por uma amiga. Pedi grana emprestada, mas na pandemia não tive êxito, pois está todo mundo sem renda e só quem sabe o que é pedir dinheiro conhece esse desconforto. Coloquei num leilão, joias que tirei com sacrifico do prego, fiz bazar virtual, coloquei roupas em brechós online, fiz pequenos bazares presenciais, vendi conhecimento e favores para fazer caixa. Não tive timidez em precificar cada passo e nessa jornada de caminhada ainda tive a melhor guia: a minha professora de educação financeira.

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Esse texto é para você, Letícia. No dia em que eu paguei a dívida toda, cash, através de um cheque OP (ordem de pagamento bancário), ela, sempre tão durona e sisuda, pessoa acostumada aos números, chorou copiosamente. Foi tão espontâneo que eu sorri. Ficou tão tocada em ver que o meu esforço tinha sido tão imenso naquela caminhada. Subimos juntas essa montanha carregando pedras pesadas. E vou confessar: quitar uma dívida é algo revigorante, renovador, quase um shot de vida.

E passado uma semana desta vitória, voltei com sede de economia. Eu me tornei um exemplo de planilhas e organização da minha reserva de emergência. Estou quase a zero afinal a dívida lambeu todo o meu “cofrinho” mas estou livre dos meus erros. Desço um andar e vivo com menos, quero menos, não preciso de quase nada a não ser formar minhas filhas na faculdade particular, honrar nossos planos de saúde e quem sabe um dia conhecer o Marrocos. Mas aqui dentro de mim já moro na medina, uso caftan de pérolas e estou pra lá de Marrakech. Fiquei rica de mim.

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