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Satish Kumar e o radicalismo do amor incondicional

Em meio à escuridão da polarização, o ativista indiano veio ao Brasil defender o amor incondicional como prática de transformação social e ambiental

Por hgalante
18 jun 2024, 10h00
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  • Satish Kumar
    Satish Kumar. (Estevão Andrade/Divulgação)

    Sentar-se em roda junto do fogo, unir as palmas das mãos em reverência e dedicar-se à jardinagem dificilmente seriam consideradas atividades “extremistas”. Ainda assim, são descritas pelo ativista indiano Satish Kumar como práticas de “amor radical”.

    Aos 87 anos, o fundador do Schumacher College, um centro internacional para estudos ecológicos no Reino Unido, e editor emérito da revista Resurgence & Ecologist esteve no Brasil literalmente plantando sementes de uma nova forma de atuar no mundo: “Se você quer mudar algo, você precisa ser otimista. A mudança pode acontecer. O que temos hoje, o sistema econômico que está poluindo nosso meio ambiente, causando mudanças climáticas, produzindo aquecimento global, diminuindo nossa biodiversidade, tudo isso foi feito pelo homem.  O que foi feito pelo homem pode ser mudado pelo homem, por isso podemos ser otimistas”.

    Satish Kumar
    “A natureza não é um mero recurso para a economia; a natureza é a fonte da vida. O amor pela Terra, em termos práticos, significa o cuidado pelo nosso planeta” (Estevão Andrade/Divulgação)

    Em sua passagem por aqui, no mês de abril, Satish Kumar lançou pela editora Bambual, em parceria com a Escola Schumacher Brasil (que acaba de completar 10 anos de atuação), a versão em português do livro Amor Radical – O amor como prática de transformação pessoal, econômica, social e ambiental.

    Longe de qualquer ingenuidade, o ativista pela paz defende que o amor gera e nutre sentimentos como compaixão, gentileza e cooperação, antídotos para os tempos de crise que vivemos. Dos líderes políticos e espirituais do Butão aos precursores do movimento de preservação das áreas verdes de Hong Kong, o autor traz exemplos práticos de quem abre caminhos inesperados para desafiar nosso cinismo. 

    Seja nos encontros com o público, conduzindo meditações, participando de um mutirão de plantio de mudas nativas ao lado da artista indígena Tamikuã Txihi ou conversando com Gilberto Gil e Ailton Krenak, sua sabedoria vai na contramão da inflação de ânimos, sem jamais incorrer na apatia.

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    “A ecoansiedade é causada pela falta de ação. Preocupar-se, só pensar, não vai resolver. Primeiro, aja! Faça algo com a sua habilidade, e faça por um longo período de tempo.” E qual a melhor forma de agir? A partir do coração: “O amor está em todos os corações. Todo coração humano tem amor — e todo mundo tem um coração, você não tem que ir ao shopping para comprar um”, fala Satish, sem esconder a risada diante do paradigma consumista absurdo no qual todos nós estamos mergulhados. 

    A mistura de idealismo resiliente e pragmatismo lúcido remonta à sua própria trajetória pessoal. Em busca da iluminação, deixou sua casa para se tornar monge jainista aos 9 anos de idade (sim, 9!). Aos 18 anos, inspirado pela atuação não-violenta do líder Mahatma Gandhi, fugiu do monastério para participar das campanhas pela reforma agrária na Índia.

    Essa e outras encantadoras histórias da sua biografia são contadas com muita poesia no documentário original Amor Radical, do diretor Julio Hey, com lançamento previsto para o segundo semestre na ótima plataforma de streaming Aquarius.

    Satish Kumar
    Satish Kumar (Estevão Andrade/Divulgação)

    Numa das passagens mais impressionantes, ele relembra do auge da Guerra Fria, quando, “sem nem um real no bolso”, como frisou em suas falas, saiu junto com um grande amigo para peregrinar 13 mil quilômetros a pé, ao redor do mundo, entregando um pacote de chá para os líderes das então quatro potências nucleares do planeta:  “Caso tivessem a vontade de apertar o botão da bomba, que eles tomassem antes uma xícara. De preferência, que convidassem seu inimigo para sentar-se à mesa”.

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    Foi a bondade humana que garantiu sua sobrevivência. A cada país que chegava, dizia: “Você é muçulmano? Eu te amo. Você é hindu? Eu te amo. Você é comunista? Eu te amo. Você é capitalista? Eu te amo”. 

    Diante de sua presença, as palavras são preenchidas, ganhando sentido profundo e nos lembrando da condição anterior que todos compartilhamos como seres vivos. 

    O cosmos é o meu país, a Terra é a minha casa, a natureza é minha nacionalidade e o amor é minha religião”, completa. “Eu descobri que, qualquer que seja o problema, a única solução possível é o amor.”

    E o que é o amor? Sem hesitar, Satish recorre ao verbo, à ação: “Amar é aceitar o que é”. Que assim seja. 

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