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Me apaixonei pelo farmacêutico

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Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 12h01 - Publicado em 29 out 2008, 21h00
Ana Rita Martins (/)
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Não tive coragem de me declarar. 
Sabia que ele era heterossexual
Foto: Divulgação

Eu tinha 17 anos quando entrei na farmácia para tomar vacina contra hepatite B. Fiquei anestesiado quando vi o farmacêutico. Ah, o Cícero era um moreno charmoso, tinha de 21 anos. Fiquei completamente apaixonado! Ele tinha as mãos fortes, aplicou a injeção muito bem! Quando saí da farmácia não sabia o que fazer. Como me declarar? Ele não parecia ser gay.

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Resolvi inventar a Camila. Eu ligava para a farmácia e fazia uma voz fina. Não era difícil porque a minha voz sempre foi delicada. Eu ficava horas de papo com o Cícero. Ele foi se interessando cada vez mais. Meu farmacêutico querido dizia que eu era simpática, que adorava a minha voz! Por um lado eu ficava feliz porque ele gostava do meu jeito, por outro, sabia que ele estava se apaixonando por uma imagem de mulher e não a minha.

Ele me atendia muito bem na farmácia “E como você é?” ele me perguntava. Eu me descrevia morena, de estatura média, cabelos e olhos castanhos, enfim, uma menina normal. Ele insistia pra gente se conhecer e eu inventava que não podia sair de casa sozinha e que a minha família era conservadora! Dava para perceber na voz dele a ansiedade para me ver. Já eu, o via sempre que tinha vontade. Durante os cinco meses que conversamos por telefone, vez ou outra eu passava na farmácia como quem não queria nada.

Pedia informação sobre sabonetes e ele me atendia muito bem. Eu fazia uma voz mais grossa pra ele não desconfiar. Meu coração pulava!! E o Cícero, bem na minha frente, nem desconfiava! Perdi a noção de quantas aspirinas comprei sem ter sequer uma dorzinha de cabeça. Tudo para ver o meu amor.

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Cícero casou e teve filhos. Eu nunca esqueci o que senti por ele

No quinto mês de telefonemas o Cícero começou a me pressionar muito pra gente se conhecer. Não tive coragem de contar a verdade e me declarar. Até porque estava claro que ele era heterossexual e que eu não tinha chance. Parei de ligar. Quando a saudade apertava eu ia à farmácia, mas com o tempo consegui me controlar. Nunca mais o vi.

Há nove anos, durante uma conversa com uma amiga, descobri que ela também era amiga dele. O engraçado é que só de falar no Cícero meu coração bateu mais forte. Soube que ele estava casado e com filhos. Fiz bem em não me declarar. Eu levaria um baita fora! Mas até hoje nunca senti por ninguém o que senti por ele. A injeção do Cícero foi inesquecível!


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