Fui perseguida pela noiva do meu ex-namorado
A psicopata passou três anos me telefonando e enviando cartas de amor
Até levei o caso para a Justiça, mas desisti
de levar adiante. O importante foi conseguir
a minha paz de volta
Foto: Divulgação
Era final do ano 2000. Estava no consultório quando o telefone tocou. Eu atendi e a pessoa do outro lado da linha não disse nada. Continuei: “Alô? Alô?” Nada. No dia seguinte a mesma coisa. O tal mudinho, como eu o apelidei, passou a ligar diariamente. Um dia uma cliente que sabia daquela situação ridícula atendeu o telefone e falou: “Já que você não quer falar nada, use as teclas do telefone para se comunicar. Tecle duas vezes caso você esteja ligando para alguém que trabalha aqui”. Trim Trim. “Se estiver ligando para a Juliana, tecle uma vez. Para a chefe dela, duas”. Trim. Pronto! Descobrimos que o negócio do mudinho era comigo mesmo.
Um mês depois ele começou a ligar também para a minha casa. Como se não bastasse a chateação, muitas vezes ainda telefonava de madrugada. Sempre mudo. Até que um dia, quase um ano depois dessa palhaçada ter começado, já assustada, falei: “Se você quer me falar alguma coisa, por que não me escreve uma carta?” Dito e feito.
Em setembro de 2001 chegou em minha casa a primeira carta, num envelope branco, com meu nome e endereço escritos numa máquina de escrever. O remetente assinava como Christiano e dizia morar em um bairro distante. Quando abri, outra surpresa: nada de ameaças, mas poemas e declarações de amor. Seria um admirador secreto? Ele se autodescrevia moreno, alto, solteiro e 80 kg.
A segunda carta veio perto do meu aniversário, no final de outubro daquele ano. O Christiano – ou anjinho, ele variava a assinatura -dizia que queria marcar um encontro comigo. Alguns amigos tentaram me encorajar a ir, mas eu não quis. Em vez disso, pedi a todos que me ajudassem a descobrir quem era ele. Eu morria de medo daquela situação esquisita.
Cheguei a desconfiar da namorada do meu ex-namorado. Ela não valia nada, ficou com ele enquanto a gente ainda estava junto. Daí eu o larguei e ela pegou de novo. Pensei, então, em levar as cartas batidas à máquina ao escritório onde ela trabalhava, para comparar as letras. Antes disso, liguei pra ela e disse que tinha descoberto tudo. Ela disse que eu poderia comparar o que quisesse, mas que ela não era a autora das cartas. Deixei quieto.