Ele se disfarçou de mendigo pra me conhecer
Pode? Meu paquera levou ao pé da letra meu pedido de me ver sem que eu percebesse
Minha mãe achou o pretendente super
criativo!
Foto: Arquivo pessoal
Eu estava atrasada pro serviço naquele 31 de dezembro de 97. Mesmo correndo, notei que um mendigo não tirava os olhos de mim quando entrei no açougue. Pouco depois o sujeito comprou umas salsichas. Peguei a nota de R$ 1 da mão dele e bati a gaveta do caixa, irritada com a bronca que tinha acabado de receber do patrão. Minutos depois o telefone do açougue tocou.
“Adorei seu vestidinho preto”, comentou o Sérgio, um paquera que eu tinha conhecido havia dois meses num disque-amizade. A gente se falava pelo telefone todos os dias, mas ainda não tinha se visto. Perguntei se ele tinha passado em frente ao meu trabalho. Negativo. “Como assim? Até agora não entrou nenhum cliente”, respondi, encucada. “Tem certeza?”, provocou o Sérgio. Mencionei, então, o mendigo. Silêncio.
Meu coração gelou quando ouvi a explicação: o Sergio tinha parado o carro atrás do açougue e se disfarçado de mendigo pra me ver de perto sem dar na pinta de quem era.
Encontro por acaso
Conheci o Sérgio por acaso naquele disque-amizade. Na verdade eu estava procurando um padrasto. Explico: minha mãe tinha brigado com o namorado. Entrei na sala de bate-papo com o nome dela pelo meu celular e deixei este recado: “Oi. Meu nome é Helena, favor me ligar no telefone tal.”
Meia hora depois ligou o Sérgio. Da janela vi minha mãe aos beijos no portão com o namorado, então já perdoado. Sem graça, inventei que Helena era minha amiga e tinha acabado de sair. O dono daquela voz charmosa perguntou então se eu não queria conversar com ele. Fazer o quê?
Papeamos mais de uma hora sobre trabalho, família, baladas e tudo o mais. Senti tanta confiança no Sérgio que contei a ele onde eu trabalhava e até passei o telefone do açougue, pra onde ele começou a me ligar todos os dias.
Em uma semana me vi completamente envolvida, a ponto de não me preocupar como seria a aparência dele. De fato, só fiquei sabendo que meu paquera tinha 30 anos, 1,75 metro, 85 kg, cabelo raspado e “cor de papelão” porque ele me disse espontaneamente.