Como superar um fora
Por dez anos, vivi para o namorado. Quando ele me largou, investi em mim: fiquei magra, loira e linda
Antes e depois: Eu não ia para o salão de beleza. Agora sou bem vaidosa
Foto: Marta Santos
Senti um vazio enorme ao ouvir o meu namorado Lucas. A gente estava na frente da minha casa, no carro, quando ele disse que tinha outras prioridades na vida. Queria dar atenção à sua carreira. Não entendi aquela conversa. Pensei que ele queria arranjar um novo emprego e só. Aí ele soltou a bomba: nosso relacionamento havia acabado.
Quase morri. Nos dez anos de namoro, vivi para o Lucas. Eu o amava tanto que me importava mais em satisfazer as vontades dele do que as minhas. Eu sabia de cor as comidas e músicas prediletas dele. Quando me pediam uma opinião, eu repetia o que ele dizia. Eu não tinha ideia do que me fazia bem além do amor dele.
Ao terminar comigo, o Lucas disse que eu era doente por depender muito dele. Foi horrível. Como ele podia me ofender daquele jeito, justo eu, que dei tanto amor? Mas ele tinha razão. O fora me fez reaprender a viver.
Conheci o Lucas aos 14 anos. Dei nele o meu primeiro beijo. Um mês depois, o vi de mãos dadas com outra menina. Aí acabei tudo. Namorei outros garotos depois, mas ainda pensava nele. Passei quatro anos assim, até reencontrá-lo numa festa. Lucas disse que eu havia melhorado e que queria reatar o romance. Não resisti aos elogios. Meus pais foram contra, mas engatei o namoro mesmo assim.
Tínhamos até marcado o casamento
Eu tinha 18 anos e muitos sonhos. Queria ser locutora de rádio. Mas, com o namoro, passei a trabalhar para morar com o Lucas e mobiliar nossa casa. Eu pagava tudo, menos o aluguel.
Vivemos juntos por dois anos. Aí ele ficou desempregado e voltamos para a casa dos pais. Nos víamos todos os dias, na faculdade. A um semestre de terminar o curso, parei de estudar. Queria focar no casamento. Tínhamos até pensado na data: 28 de novembro do ano passado.
Levei o fora três meses antes, em agosto. Entrei em depressão. Pedi demissão e não queria nem me alimentar. Só dormia com remédios. Na minha cabeça, eu era a culpada pelo fora porque tinha desagradado o Lucas.
Estava gorda, feia e desempregada
Preocupada comigo, minha mãe me convidou para ir à praia. Fui com ela, minha avó e uma prima. Lá, cheguei à conclusão de que a vida era minha e de mais ninguém. Fiz uma autoanálise. Eu não tinha emprego, casa própria, carro e nem havia concluído a faculdade. Pesava 73 kg, 16 kg acima do ideal para o meu 1,60 m. Fazia anos que eu não ia a um salão de beleza. O Lucas cortava minhas pontas. Eu não ligava para a aparência. Quando tudo acabou, me senti gorda, feia e fracassada.
Comecei minha operação-resgate com uma ida ao salão. Meu cabelo estava bem largado. Alisei, fiz uma franja e pintei de loiro. Aí percebi os quilos a mais. Comecei uma dieta e, em seis meses, perdi 6 kg. Até agosto quero emagrecer mais 10 kg.
Com o meu salário, cuido só de mim!
Bonita e poderosa, consegui um emprego em uma administradora de condomínios. Eu emito as ordens de pagamento dos clientes. Mas agora só gasto meu dinheiro comigo mesma!
Ainda não arranjei outro amor. Soube que o Lucas já. Antes, eu achava que ficaria mal quando isso acontecesse. Mas fiquei feliz por ele. Afinal, foi graças ao pé na bunda que vivi todas essas mudanças. Agora sei a importância de gostar de mim. Não entrego mais a minha vida de bandeja a ninguém!