19 coisas que lésbicas e bissexuais não aguentam mais ouvir
Um pavoroso combo que inclui: discriminação, preconceito, palpite fajuto, machismo e assédio verbal
A gente sabe que as pessoas não cansam de tirar conclusões erradas e repetir clichês quando o assunto é homossexualidade e bissexualidade. Respire fundo, segure nossa mão e veja se você já não ouviu uma dessas…
1. “Isso é só uma fase”
A melhor resposta nesse caso é: “Espero que a sua falta de noção também seja só uma fase”. A patrulha da vida alheia está sempre a postos, mas isso não significa que você deva se abalar.
2. “Você só está tentando parecer moderna”
Essa história de que fazer parte da comunidade LGBT virou moda PRECISA acabar. Sim, mais gente tem assumido sua sexualidade publicamente, mas isso não significa que hoje existam mais lésbicas, gays, bi ou transexuais do que antigamente.
O que acontece é que, felizmente, as pessoas têm se sentido mais a vontade para revelarem-se ao mundo. Ainda há muita opressão, não se engane, mas a gente vive um momento político e histórico em que tolerância, diálogo e aceitação estão mais presentes. Por consequência, é absolutamente normal que mais pessoas estejam saindo do armário.
> Veja também: 9 casais homossexuais superinfluentes na ficção
3. “Quando foi que você virou lésbica/bi?“
Ninguém VIRA lésbica ou bissexual, as pessoas se DESCOBREM como tal. Essa pergunta equivocada é ouvida especialmente por mulheres que não davam sinais de que se atraiam pelo mesmo sexo. Se, desde criança, a menina se interessa por coisas tipicamente masculinas, as pessoas acabam recebendo a notícia com mais naturalidade. É preciso desconstruir esse estereótipo! Mulheres heterossexuais podem jogar futebol, mulheres lésbicas podem usar maquiagem. Menos rótulos, por favor.
4. “Bissexualidade não existe. Você sempre vai gostar mais de um do que de outro“
Não é preciso gostar 50% de homens e 50% de mulheres exatamente para adquirir a ~carteirinha de bissexual~. Aliás, como será que se quantifica a sexualidade dos outros? Melhor nem começar a tentar, e respeitar que cada pessoa é como é.
5. “Bissexualidade não existe. Você está apenas indecisa“
Bissexualidade não é indecisão, é apenas bissexualidade. Sim, existem gays e lésbicas que passam pelo momento da descoberta e acreditam ser bissexuais por algum tempo. Também tem gente que resolve viver uma experiência bissexual e descobre que não se interessa por pessoas do mesmo sexo. Let it be! Isso, de forma alguma, deslegitima a bissexualidade de quem se declara bissexual. Qual a necessidade de duvidar da sexualidade alheia? Apenas pare.
6. “O que aconteceu? Você se desiludiu com os homens?“
Como é difícil compreender que a figura masculina não tem nada a ver com a descoberta da homossexualidade das mulheres! O pênis não é o centro do universo, mas muita gente ainda não acordou para essa realidade.
7. “Oi, posso participar?“
Membros da comunidade LGBT (assim como de todas as minorias) vivenciam situações desagradáveis diariamente. Preconceito, discriminação, comentários de mau gosto e por aí vai.
As lésbicas e mulheres bissexuais precisam lidar com isso e com o assédio somado. Muita gente acredita que a fetichização da homo/bissexualidade feminina contribui para que as mulheres sejam menos discriminadas do que os homens. Ledo engano! Assédio não é aceitação. O mesmo homem que desrespeita casais de mulheres com comentários desse tipo é aquele que não aceitaria ter uma irmã lésbica. Aceitação é sobre respeito, não sobre assédio.
> Veja também: Os desafios que transexuais enfrentam no mercado de trabalho
8. “Mas você já transou com homem para saber se gosta?“
Essa pergunta não raro vem acompanhada do “Oi, posso participar?”. A sexualidade das mulheres que gostam de mulheres não é de domínio público, então não fique pedindo detalhes a respeito dela, a não ser que você tenha intimidade para tanto. Em tempo: há muitas mulheres que fazem essa pergunta a outras mulheres, o que não é assedio, mas não deixa de ser irritante.
9. “Se você não gosta de homem é porque nenhum te pegou direito.“
Sabe por que homens gays não costumam ouvir esse tipo de pergunta? Por que, mais uma vez, há muita gente que vê o pênis como o centro do universo. Há, inclusive, um termo para isso: falocentrismo. Apenas parem!
10. “Como vocês fazem sexo?“
Oi? Tá bom, o pornô não reproduz a realidade do sexo entre mulheres (ou a de qualquer tipo de sexo), mas há um vasto material online sobre o assunto. Se você REALMENTE está interessado, pesquise. Geralmente o cidadão que pergunta isso não quer tirar uma dúvida genuína, ele está praticando assédio verbal.
Veja bem, numa conversa entusiasmada entre amigos é incrivelmente válido falar sobre sexo. Vamos falar de sexo, sim! Todos nós! Só que as perguntas sobre sexo lésbico muitas vezes surgem do nada, quando um ser inconveniente toma conhecimento sobre a sexualidade daquela mulher. Aí, são outros quinhentos.
11. “Mas não fica faltando ~alguma coisa~ na hora do sexo?“
Não. Se faltar, a gente inventa. Existe uma diversidade de bons substitutos para ~alguma coisa~ a venda em qualquer sex shop. Mas dá para ser bem feliz, mesmo sem ~alguma coisa~ ou seus substitutos, fique tranquilo.
12. “Quem é o homem da relação?“
Essa é uma clássica, também ouvida por homens gays. Se você acredita que é preciso ter uma figura masculina e outra feminina numa relação, então você não entendeu nada sobre homossexualidade.
13. “Você é tão feminina, nem parece lésbica.“
Em primeiro lugar: não, isso não é um elogio. Em segundo lugar: apenas pare. Lésbicas não se parecem com isso ou aquilo, não vestem uniforme e nem precisam cumprir uma lista de pré-requisitos para serem lésbicas.
14. “Lésbicas também podem usar maquiagem/decote/vestido/salto alto?“
“Não, inclusive eu estou sendo procurada pela Justiça Lésbica para devolver o meu certificado”.
15. “Nada contra, mas precisa ser masculina desse jeito?“
Sim, parça, quem diz algo desse tipo tem muita coisa contra. Se você aceita gays, “desde que sejam discretos”, aí vai uma notícia urgente: você não aceita gays.
16. “Suas amigas trocam de roupa na sua frente?“
“Não, eu preciso ficar olhando pelo buraco da fechadura. Tão chato isso!”
17. “Você odeia homens?“
“Não odeio, mas não levo eles para a minha cama. Quer que eu desenhe?”
18. “Se é para ficar com uma mulher masculina, por que não fica com homem de uma vez?“
Homens curtem futebol e arrotam. Mulheres amam cor de rosa e Titanic. Nããããããão! Quando a gente fala em DIVERSIDADE, estamos falando de uma coisa muito ampla. Estamos falando sobre o fato de que o ser humano é uma criatura diversa e plural. Há muuuuuuuito mais coisas envolvidas do que a aparência física.
19. “Não entendo a Nomi, do Sense8. Se ela ia pegar mulher, pra quê deixar de ser homem?“
Essa uma das questões do momento. É muito positivo vê-la sendo debatida, mas é bem triste perceber quanta desinformação ainda existe, inclusive dentro da comunidade LGBT. É preciso compreender, de uma vez por todas, que identidade de gênero e orientação sexual são coisas diferentes.
Acreditar que uma mulher trans lésbica, como a Nomi, deveria continuar sendo homem é como acreditar que lésbicas gostariam de ser homens e (homens) gays gostariam de ser mulheres. Não! Transexualidade = nascer num corpo que não condiz à sua identidade psicológica de gênero. Homossexualidade = atrair-se por pessoas do mesmo sexo. Respeito = aceitar as diferenças e buscar entendê-las sem preconceito, arrogância ou dogmas sobre certo/errado.
Esquecemos de algum clichê? Quais outros comentários irritantes você ouve por aí? Conta pra gente!