Japan House: confira os detalhes da fachada do edifício
O painel, que tem 36 metros de largura e 11 metros de altura, conta com madeira de Hinoki, uma espécie de pinheiro nativo do Japão
A Japan House, que será inaugurada em maio em São Paulo, tem uma fachada diferente e com uma história muito interessante. O painel, que tem 36 metros de largura e 11 metros de altura, conta com mais de seis toneladas de madeira. Mas não é qualquer madeira. Parte do material foi extraída da floresta de Hinokis – uma espécie de pinheiro nativo do Japão –, plantada por japoneses na província de Gifu há mais de cem anos. O período em que o cultivo de Hinoki começou no país oriental remete ao momento em que a Avenida Paulista estava sendo inaugurada, há 125 anos.
A fachada do novo cartão postal da cidade foi executada por uma equipe de cinco artesãos especializados na arte de encaixes de madeira Hinoki. Os profissionais vieram do Japão exclusivamente para colocar em pé o projeto do arquiteto Kengo Kuma em parceria com o escritório paulistano FGMF Arquitetos. Peças grandes e menores de Hinoki se unem por meio de junções meticulosamente talhadas para o encaixe perfeito, como em um quebra-cabeça. O famoso cuidado com os detalhes da cultura japonesa acompanha essa obra desde o início: antes de vir para o Brasil, a estrutura foi montada e desmontada no Japão para certificar que os encaixes estavam perfeitos.
O Hinoki é uma madeira muito utilizada na arquitetura japonesa. Ela é considerada sagrada na religião xintoísta e é muito utilizada na construção de templos sagrados. Para que as peças sejam talhadas e encaixadas umas nas outras, é preciso um trabalho minucioso. Nobre, o hinoki leva de 70 a 80 anos para alcançar a vida adulta. “Sua madeira apresenta veio bonito e aroma muito agradável. Além de construções, o hinoki também é utilizado na confecção de móveis, utensílios, escultura e na fabricação de navios.”, descreve o engenheiro agrônomo Guenji Yamazoe, especialista em botânica.
A inspiração para o painel surgiu após uma visita de Kengo Kuma ao Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera, inaugurado em 1954 e também construído com Hinoki e técnicas de encaixe. O arquiteto se encantou com o Pavilhão, desenhado por Sutemi Horiguchi (co-fundador do primeiro movimento moderno da arquitetura no Japão), mestre de Yoshichika Uchida, que foi professor de Kuma. Ao misturar a influência de três grandes nomes, é possível dizer que a Japan House será um marco da arquitetura japonesa em São Paulo.
Confira o vídeo com imagens da montagem da fachada: