Roberta Duarte, a astrofísica de apenas 28 anos que usa IA para explorar a galáxia
Ela simula buracos negros com inteligência artificial e compartilha suas descobertas sobre o Universo e o nosso planeta nas redes sociais
Foi a leitura que levou Roberta Duarte a se interessar pela ciência. Ainda criança, passava horas folheando manuais da Turma da Mônica sobre astronomia, além de outros livros que aguçavam sua curiosidade e desejo pela pesquisa.
Na graduação, escolheu física por ser a disciplina que mais a fascinava na escola. Ao ingressar na Universidade de São Paulo, teve contato com a programação computacional, o que aumentou seu interesse pelo Cosmos.
Hoje, com 28 anos, está prestes a defender o doutorado em astrofísica. Seu campo de investigação são os buracos negros, um dos maiores mistérios do Universo. No mestrado, a especialista usou a tecnologia para simular esses objetos espaciais de força gravitacional extrema.
Para isso, ensinou a teoria da dinâmica de fluidos à inteligência artificial para que as máquinas pudessem processar equações matemáticas. “A principal diferença foi a velocidade. Uma simulação numérica simples demora, em média, sete dias. Com a IA, isso cai para 15 segundos”, explica. “Um dos resultados foi 32 mil vezes mais rápido do que o comum.”
Embora complexas, as análises contribuem não só para o conhecimento sobre as galáxias, mas também podem impulsionar descobertas que impactam diretamente o cotidiano de quem as habita.
“Não se sabe exatamente o que pode surgir daí, mas o Wi-Fi, por exemplo, começou com a radioastronomia. E 200 anos atrás, o assunto era o eletromagnetismo, que hoje possibilitou o uso da internet e da luz”, comenta Roberta.
Céu e internet sem limites
Além de desbravar os dilemas do Universo, a cientista passou a usar as redes sociais como ferramenta para a divulgação acadêmica. Com linguagem simples e vídeos curtos, descreve publicações de jornais internacionais e fatos científicos para o grande público — como quando aconteceu, em outubro deste ano, a maior explosão solar desde 2017.
Segundo ela, tornar esse campo acessível é fundamental para desfazer o imaginário popular sobre o que é ser cientista. “Comecei a falar sobre isso no projeto Astro Threads, no Twitter, que era um espaço para escrever pequenos textos acessíveis sobre astronomia”, lembra.
“Tem muita coisa acontecendo nas universidades que, várias vezes, não chegam para a população — seja pelos termos difíceis ou pelo inglês”. Hoje, ela é roteirista do canal Ciência Todo Dia, de Pedro Loos, que conta com mais de 6 milhões de inscritos no YouTube.
Astrofísica feminina
Ser uma mulher em um meio majoritariamente masculino é um papel que Roberta desempenha com orgulho e propósito, consciente dos desafios e das responsabilidades que essa posição traz.
“Na graduação, era eu e mais uma amiga em uma sala com 38 homens. No mestrado e no doutorado, comecei a sentir uma diferença positiva. As mulheres passaram a ocupar mais as turmas. Mas até hoje, quando participo de eventos, sou uma das únicas”, relata.
“Nesse meio tempo, já ouvi que eu estava sendo carregada pelos meus colegas e, com uma certa frequência, não me davam atenção quando eu pontuava algo durante as aulas.”
Sua vontade, portanto, é quebrar essas barreiras ao trazer novas perspectivas e inspirar outras mulheres a se interessarem pelas ciências da natureza, acreditando que isso torna o conhecimento mais inclusivo e igualitário.
Com uma trajetória marcada pela dedicação, a doutoranda abre caminhos para aqueles que acreditam que o saber pode mudar o mundo. Combinando talento, disciplina e uma vontade inabalável de expandir as fronteiras do saber, ela mostra que as mulheres podem — e devem — desbravar a tecnologia.
Agora, Roberta pretende dar um novo passo na carreira: um pós-doutorado no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) com o objetivo de investigar estrelas de nêutrons.
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