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Damares Alves é contraditória sobre governo não se misturar com religião

Em uma audiência pública na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, a ministra diz que o homem é o líder do casamento de acordo com a religião que segue.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 15 jan 2020, 20h04 - Publicado em 17 abr 2019, 13h16

Na última segunda-feira (16), a ministra Damares Alves participou de uma audiência pública na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. Mais uma vez, a representante deu respostas vagas ao ser questionada sobre a flexibilização do porte de arma e a figura feminina dentro da religião.

A pergunta que englobou os dois temas foi feita pela deputada Alice Portugal (PCdoB-BA). Primeiramente, ela questionou a ministra sobre o posicionamento dela sobre o decreto assinado por Jair Bolsonaro, que facilita a posse do objeto de fogo, e a possibilidade do aumento dos casos de feminicídio no Brasil por isso.

“Eu gostaria de focar o máximo possível no objeto do requerimento. As minhas impressões pessoais, eu acho que elas não vão resolver muito o problema da violência contra a mulher. Eu tenho sido mais imparcial possível naquele ministério. Fui acusada por muito tempo de que uma pastora ia assumir aquele ministério e fazer de lá uma grande igreja. Não, quem está ministra lá é a ativista, a advogada Damares. A pastora está lá na igreja. Então, as minhas impressões pessoais sobre desarmamento, eu gostaria de deixar elas para um segundo momento. O que nós podemos fazer é um debate bem técnico do impacto disso na violência contra a mulher, que não da ainda para a gente dizer se impactou. É tudo uma expectativa de que tudo isso pode aumentar, mas o homem mata com dentes, com as mãos, com pau. A violência contra a mulher se configura de diversas formas”, enfatizou Damares.

Essa fala da ministra ignora completamente o levantamento feito em 2016, que constatou que metade das mortes femininas daquele ano ocorreu por meio de armas de fogo, como mostra o jornal O Globo.

Já sobre o valor da mulher a partir da perspectiva da igreja de que ela é submissa ao homem, Damares não se esquivou da resposta. Só que, mais uma vez, ela acabou envolta em um discurso complicado de estar na boca de uma representante do país.

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“Essa é uma fala que eu fiz dentro da minha igreja. Dentro da doutrina cristã, nós entendemos que no casamento homem e mulher, o homem é o líder do casamento. Então, essa é a percepção dentro da minha igreja, dentro da minha fé. Eu quero dizer que todas as mulheres vão ter que ser submissas, abaixar a cabeça para o patrão, para o agressor, para os homens que estão aí? Não. Mas dentro da minha concepção cristã, a mulher sim, dentro do casamento, é submissa ao homem e isso é uma questão de fé. E isso não me faz menos capaz de dirigir esse ministério. Isso não me faz mais incompetente”, explica a ministra.

Mesmo com essa resposta que parece imparcial e até mesmo dando a entender que Damares tem governado um ministério separado completamente da religião seguida no particular, ela já teve posicionamentos preocupantes sobre assuntos importantes baseados no viés religioso. Por exemplo, quando determinou que meninos deveriam vestir azul e as meninas rosa – contribuindo para todo o discurso retrógrado sobre divisão por gênero e ignorando completamente o conceito de não-binário.

Damares também foi autora do discurso que reforçou a ideia da fragilidade feminina, já que ela afirmou que, por mais que direitos e oportunidades devessem ser iguais entre mulheres e homens, a igualdade entre os gêneros poderia resultar no aumento da violência contra as mulheres.

Os meninos vão ter que entender que as meninas são iguais em direitos e oportunidades, mas são diferentes por serem mulheres. E precisam ser amadas e respeitadas como mulheres. Enquanto os nossos meninos acharem que menino é igual a menina – como se pregou no passado, algumas ideologias – já que é igual, ela aguenta apanhar”, afirmou a ministra em um vídeo divulgado pelo G1

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