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A Copa do Mundo das brasileiras: precisamos falar sobre igualdade de gêneros no futebol

Ja, já será a vez de elas brilharem na Copa do Mundo. Você sabia disso?

Por Gabriela Cavalheiro (colaboradora)
Atualizado em 21 jan 2020, 22h12 - Publicado em 27 Maio 2015, 12h44
Friedemann Vogel / Getty Images (/)
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No dia 6 de junho começa a Copa do Mundo de Futebol Feminino, no Canadá, você sabia? Se sim, maravilha. Se não, sem problemas: a culpa não é sua. Aliás, ‘culpa’ é uma palavra muito forte. Mas cabe no contexto.

Não saber muito bem como anda a seleção brasileira de futebol feminino – ou a seleção feminina de futebol? (ainda não sabemos direito como falar sobre) – é o lugar comum no atual panorama do esporte no País.

Talvez a gente já tenha lido aqui e ali textos sobre como é constrangedor um país com as tais cinco estrelinhas na camisa verde e amarela, que cobre o peito dOs jogadorEs ainda ser tão atrasado quando o assunto é o outro lado da moeda. Sim, atraso e constrangimento são palavras fortes também, mas ideais.

Em entrevista recente, Marco Aurélio Cunha, recém apontado diretor do futebol feminino na CBF, disse querer ‘colocar o dedo na ferida’ se dirigindo ao enorme preconceito que (ainda!) impera no Brasil com relação à mulheres dominando a bola. Outra expressão forte, mas precisa: um País com tamanho investimento – financeiro e cultural – no esporte, mas que não viabiliza uma política de igualdade de gênero, chega a ser escandaloso.

Ah, claro, sempre há aqueles que digam que ‘é o esperado’ num País cuja desigualdade de gênero é gritante em quase todas as áreas da vida. Mas e daí? Já passou da hora da gente sentar e esperar as coisas aconteceram, não acham?

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Outro motivo de constrangimento é o constante abismo que existe entre os jogadores das seleções masculinas sobre o tema. Existe uma palavra aqui, outra ali, uma iniciativa aqui (como a do Neymar de procurar patrocínio para manter o time feminino do Santos ativo), mas o que impera é um silêncio gritante. Por parte dos clubes não existe sequer silêncio, mas desinteresse mesmo. E de onde vem o desinteresse? De onde vem a falta de afeto ou apreço pela bola dominada por talentos femininos?

As palavras de Marco Aurélio são um grande sopro de inspiração, especialmente nas vésperas de uma Copa do Mundo; especialmente depois da decepção que foi a última Copa para nós, brasileiros; especialmente quando se tem talentos como Marta, Formiga, Cristiane e cia; especialmente quando o que não falta é a vontade de se envolver com o esporte, mas falta oportunidade.

Se você é daqueles (espertinhos) que gostam de lançar desafios sobre a escalação da seleção na copa de X e Y, quer um desafio impossível? Pergunte a escalação da seleção feminina de 2015, essa mesma, que está treinando na Granja Comary, em Itu ou em São Jose dos Campos, sob o comando de Vadão. Aliás, o Brasil está no grupo E com a Coreia do Sul, Espanha e Costa Rica.

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Pra fechar com algum (bom) otimismo depois desse texto um tanto irritadiço, faço duas indicações: a primeira uma exposição intitulada “Visibilidade para o Futebol Feminino”, no Museu do Futebol, em São Paulo, que segue entre os dias 19 de maio e 30 de dezembro.

Lá podemos conhecer um pouco mais sobre o desenvolvimento da modalidade (somente regulamentada em 1980) no Brasil, e também ver uma homenagem a Marta e Formiga, consideradas nomes ícones do esporte no País, colocadas ao lado de Garrincha e Pelé no dito ‘panteão’ de atletas do futebol brasileiro. A segunda indicação é uma entrevista bem leve e super inspiradora da Marta, na qual ela dá uma dica de onde a gente pode encontrar os talentos que estão por aí, do seu lado, do nosso lado.

Matéria publicada em brasilpost.com.br

 

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