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Mônica Martelli: “Quero ser pessimista.”

"Não quero dizer que é preciso ser feliz o tempo todo. Você pode estar triste porque está doente, mas otimista com a cura porque é isso que te leva adiante." Leia coluna da atriz, que lembra da importância de manter os pés no chão.

Por Mônica Martelli (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 21h45 - Publicado em 15 abr 2016, 18h25
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Sempre fui otimista. Sem pensar positivo, a gente nem teria coragem de sair. Com tantas possibilidades de acidentes lá fora, junto com o medo da violência do dia a dia, seria o caso de se trancar dentro de casa e ficar ali bem protegida, se lamentando.

O otimismo faz com que a gente se sinta mais livre e corajosa. Não estou chamando os derrotistas de covardes, mas, se você tiver esperança, sentirá menos medo de enfrentar desafios e de se arriscar. Nos momentos de doença, por exemplo, a fé é uma arma superpoderosa. O que seria das pessoas diagnosticadas com algum problema sério se não fosse o pensamento positivo para seguir em frente com o tratamento? Não quero dizer que é preciso ser feliz o tempo todo. Você pode estar triste porque está doente, mas otimista com a cura porque é isso que te leva adiante. E o que seria das mulheres que tentam engravidar e que fazem tratamentos caros e penosos se não houvesse a crença de que uma hora vai dar certo?

Bem, como tudo na vida tem pelo menos dois lados, o otimista também corre o risco de viver menos. A pessoa fuma e acha que não vai ficar doente nunca, dirige o carro em alta velocidade e pensa que nada vai acontecer. Uma mulher otimista namora um homem de 50 anos que nunca casou e não quer ter filhos, mas imagina que com ela vai ser diferente. O marido da outra é um grosso, mas ela tem certeza de que um dia vai melhorar. A fé ajuda a superar a realidade, mas algumas vezes pode cegar. É uma força interna que faz você, em alguns momentos, crer em milagres. E, como milagres não existem, às vezes um pouco de pessimismo não é nada mau.

Ultimamente venho tentando ser um pouco mais pessimista para parar de me decepcionar. Muitas vezes eu fico frustrada e, nessas horas, sou obrigada a reconhecer que um tanto de desconfiança me levaria a colocar os pés no chão. É difícil, mas poderia ser mais confortável. Quando o otimista descobre que nem tudo são flores, pode ficar apavorado, se desequilibrar, ir pro outro extremo e desistir do futuro-maravilha que ele desenhou para si mesmo. Pensando dessa forma, o pessimismo é mais seguro. Sim, porque, quando eu me esforço pra acreditar que uma coisa pode dar errado, se por acaso der certo, vou ficar feliz. E, se tudo der mesmo errado, já vou ter o discurso pronto: “Eu sabia!”

Há dois anos, por exemplo, estou apostando, com uma fé incrível, que a minha filha ainda vai se apaixonar por frutas e legumes. Mas não tem jeito. E eu fico frustrada. É melhor achar que ela vai comer só batata frita, porque, no dia em que eu a pegar atracada com um tomate, vou celebrar. Também estou há anos me prometendo não fazer tantas coisas ao mesmo tempo, viver o presente, ser mais focada no aqui e agora. Acredito de verdade que um dia isso vai acontecer, principalmente quando eu entrar num curso de meditação, o que ainda não ocorreu. A verdade é que estou a cada dia me afastando mais dessa realidade serena e equilibrada.

Mas não quero virar aquela nuvem cinza, a corta onda, como no desenho animado: “Ó vida, ó azar…” Então, acho que o mais inteligente é dosar entre otimismo e pessimismo, entre euforia e prudência. Melhor acreditar, sem perder a noção da realidade, que tudo dará certo, mas com a consciência de que algo pode dar errado no meio do caminho.

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