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Lázaro Ramos sofre preconceito em Duas Caras

O ator, que vive o Evilásio na novela, fala sobre amor e questão racial

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 14h03 - Publicado em 22 out 2008, 21h00
Flavia Werlang (/)
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“O racismo é uma ferida, precisamos tratá-la e 
olhar para ela com seriedade”, diz Lázaro
Foto: Divulgação Rede Globo

Herói e galã no horário nobre da TV, intérprete festejado no cinema e no teatro, maridão apaixonado de Taís Araújo, uma das mulheres mais bonitas do Brasil… É, esse Lázaro Ramos está com tudo! Duvida? Pois lá vai. Aos 29 anos, o ator já fez 19 filmes, entre os quais sucessos de bilheteria como Madame Satã (2002), Carandiru (2003), Meu Tio Matou Um Cara (2004), O Homem que Copiava (2003), Cidade Baixa (2005), Ó Paí, Ó (2007) e Saneamento Básico (2007). Em alguns atuou ao lado do amigo e conterrâneo, Wagner Moura.

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A estréia na carreira, porém, foi nos palcos. Ele começou em sua terra natal, Salvador, BA, no Bando de Teatro Olodum e atuou em 15 montagens. Até a semana passada estava em cartaz em São Paulo, ao lado de Taís, na peça O Método Grönholm, que deixou por causa das gravações da novela global Duas Caras. 

Por falar em TV, Lázaro já chegou roubando a cena em seu primeiro folhetim, Cobras e Lagartos. A explosão de Foguinho foi tamanha que o personagem rendeu ao artista a indicação ao Emmy Internacional, que premia os melhores da televisão no mundo. Os vencedores serão anunciados numa megafesta que acontecerá no dia 19 de novembro, no Hotel Hilton, em Nova York, EUA. Lázaro está cruzando os dedinhos para ter uma folga na trama das 9 e voar até lá para conferir de perto. Seja lá como for, a indicação já foi uma grande prova do reconhecimento de seu talento. “Quando o universo conspira a favor, tudo dá certo”, disse, com sua usual simplicidade. Quem acompanha a novela já percebeu que o personagem de Lázaro, Evilásio Caó, é o verdadeiro mocinho da história, o único capaz de enfrentar pra valer Juvenal, o poderoso chefão da Portelinha, vivido por Antonio Fagundes. E o romance dele com Júlia, menina branca e rica interpretada por Débora Falabella, vai incendiar a trama, misturando amor, sensualidade e muita polêmica sobre preconceito racial.

tititi – O que o amor entre o Evilásio e a Júlia terá de especial?
Lázaro Ramos – Não é igual às outras histórias com as quais a gente está acostumado. O autor, Aguinaldo Silva, está falando de um amor possível. Achei isso lindo quando li a sinopse.

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Mas as diferenças não afastam os dois?
Eles vêm de classes sociais opostas, moram em locais que não têm nada a ver um com o outro, mas isso na verdade os aproxima. As diferenças não são só para afastar as pessoas. Elas também podem juntá-las.

Em que você se parece com o Caó?
Ele me lembra um pouco o adolescente que fui. Além de esperançoso, eu tinha (e ainda tem, claro!) bom humor. Esses são os aspectos que mais me emocionam nele.

O Evilásio tem duas caras?
Não sei se vai mostrar duas caras. Ele tem a vida de Juvenal como um ideal, mas, com o tempo, se decepciona e vê que não gostaria de ser igual ao padrinho. A partir de então, o personagem vai mudar e atuar ativamente contra o homem que foi seu herói.

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Como vê o preconceito?
Sei que na história a negritude vai pesar. A origem humilde e a cor da pele são elementos fortíssimos. O racismo é uma ferida, precisamos tratá-la e olhar para ela com seriedade. Isso vai ajudar o país a ir pra frente.

Você já foi vítima de racismo?
Sim, e toda vez que sofri com atitudes racistas, afirmei: “Eu tenho direito de ser bem tratado, não fale assim”. Minha família trabalhou minha auto-estima desde que eu era bem pequeno. Em casa sempre ouvi: “Você pode”, “Você é bonito”. E depois veio o teatro, que me ajudou a impor meus limites.

E como é ser protagonista da novela das 9?
Olha, quando saí da Bahia sabia que se conseguisse sobreviver fazendo teatro já estaria muito feliz. Estou no bônus… (risos). Tenho mais do que esperava. Sempre me senti satisfeito com a interação que o teatro proporciona com as pessoas. E na TV, a quantidade de gente que faz parte dessa interação é gigantesca. Também por isso me considero um privilegiado, nem todos têm essa oportunidade.

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