Christiane Torloni se diverte com as maldades de Tereza Cristina
Com humildade e muito talento, a atriz encara o desafio de viver a vilã mais barra-pesada (e engraçada) de Aguinaldo Silva
“É tão incorreta que chega a ser engraçada”, diz Christiane Torloni sobre sua personagem
Foto: Divulgação/Rede Globo
Como define a Tereza Cristina?
Num mundo onde existe a patrulha do politicamente correto, Aguinaldo fez uma personagem que se lixa para isso. E adora a vida que leva. É óbvio que ela vai tomar paulada por causa disso e o autor usará a personagem como exemplo. Mas, por enquanto, eu quero é me divertir.
O amor dela pela família é verdadeiro?
Pelo que eu entendo, ela é apaixonada pelo marido e pelos filhos. Mas na vida real você vê pessoas que por um amor doentio matam outras. Dizem que foi por amor. Amor ou doença?
Dizem que o Renê (Dalton Vigh) vai abandonar a Tereza por causa das maluquices dela. E ela vai ficar ainda mais maluca. O que acha disso?
Se a pessoa não te quer mais, você pega suas coisa e vai embora. Essa é a reação normal. Mas tem gente que, como a Tereza Cristina, não pensa assim, manda matar. Normal é metabolizar o “luto” da separação e ir em frente. Mas como diz Glória Perez, a alma é um grande labirinto.
Vilã com coração: Tereza Cristina é apaixonada pelo marido Renê (Dalton Vigh), em Fina Estampa
Foto: Divulgação/Rede Globo
Realmente, a gente não conhece as pessoas…
Não conhecemos nem a nós mesmos! Acho que o instrumento da terapia é muito necessário para o ser humano justamente por isso. À medida que a vida vai andando, você vai se aprofundando e precisa de mais instrumentos. Você pensa que chegou num ponto e é só uma etapa.
É isso mesmo… E a Tereza Cristina parece mais complicada a cada dia, não?
Essa personagem, com certeza, é a mais difícil que já fiz, porque me exige sempre mais. O autor pede mais, os diretores pedem mais e você tem que poder dar mais – e tem que querer dar mais.
As vilãs do Aguinaldo são sempre bem-humoradas. Eva Wilma em A Indomada e Renata Sorrah em Senhora do Destino são exemplos. Enxerga isso na Tereza Cristina?
Ela realmente tem um traço cômico. É tão incorreta que chega a ser engraçada. Mas já percebi que quanto mais expectativa você bota numa coisa, mais tombo toma. Então, prefiro ficar tranquila, mais aberta para o que vier.
Dessa forma se decepciona menos…
Com certeza! E você se surpreende positivamente. Quando começo um trabalho digo a mim mesma: “Opa! Baixa a bola… Menos…” A experiência vai ensinando a gente a ser mais humilde porque TV é uma mídia interativa. Dependemos da audiência.
A atriz em três sucessos: na novela ‘A Gata Comeu’ (1985), com Nuno Leal Maia; no filme ‘Chico Xavier’ (2009), ao lado de Nelson Xavier e em ‘Mulheres Apaixonadas’ (2003), fazendo par com José Mayer
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Como é sua relação com o público?
No começo da profissão há certa confusão entre ator e personagem. Mas a partir de determinado momento da carreira isso já não ocorre. O público dá opinião… Quando um frentista de posto vem e te fala “E a Tereza Cristina? Vai aprontar muito?”, você pensa: “É o sucesso!”.
Do que você mais gosta na sua profissão?
De poder brincar de camaleão. E me reinventar… Isso é liberdade para mim. E mais do que tudo, o ator aprende a não fazer julgamento de valor.
Você consegue estar ainda mais bonita do que antes… E mais enxuta… Como cuida da alimentação, por exemplo?
Sempre levo uma sopinha de legumes para o estúdio. Às vezes gravo 30 cenas e passo o dia tomando sopinha (risos). E à noite eu janto bem.
E que atividade física pratica?
Faço ioga e spinning. O ator tem que estar pronto sempre, não só três meses antes da novela.
Fina Estampa vai discutir a valorização excessiva da aparência. O que pensa disso?
Acho que hoje em dia todo mundo se preocupa com a aparência. Pode me apresentar alguém que não? (risos).