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Oscar 2019: os pontos fortes e fracos de ‘Infiltrado na Klan’

O filme de Spike Lee foi indicado a seis categorias no Oscar 2019, e com sua história política e engajada pode faturar algumas estatuetas.

Por Ligia Helena
Atualizado em 15 jan 2020, 23h50 - Publicado em 21 fev 2019, 16h40
 (FOCUS FEATURES/Reprodução)
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Filmes baseados em histórias reais são sempre queridinhos do Oscar, e quando a história real é tão sensacional como a de Ron Stallworth (interpretado por John David Washington), fica praticamente irresistível. “Infiltrado na Klan” fala sobre como um policial negro, nos Estados Unidos dos anos 1970, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan (KKK), uma das maiores organizações racistas de todos os tempos.

Dirigido por Spike Lee (“Faça a Coisa Certa”, “Malcolm X”), o filme usa bom humor para mostrar o absurdo da situação – e faz um esperto paralelo com a nossa realidade atual.

Indicações ao Oscar

Melhor trilha sonora
Melhor filme
Melhor roteiro adaptado
Melhor direção (Spike Lee)
Melhor ator coadjuvante (Adam Driver)
Melhor edição

Principais prêmios recebidos

BAFTA – Melhor roteiro adaptado
Cannes – Grande Prêmio do Juri

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Pontos fortes

A história de Ron Stallworth, que virou livro em 2014 (“Infiltrado na Klan”, editora Seoman), é daquelas que parecem ter sido feitas para o cinema. Quando alguém poderia imaginar que um dos poucos policiais negros do Colorado, nos Estados Unidos ainda lambendo as feridas pós-fim da segregação racial, conseguiria ganhar a confiança dos líderes da KKK e se infiltrar na organização?

O roteiro é excelente e prende o espectador do começo ao fim. Espertamente, Spike Lee usa o humor para dar leveza a um assunto muito tenso – mas sabe manter a tensão nos momentos necessários, em que a gente se retorce de nervoso com o risco de Ron ser desmascarado. John David Washington está apenas bem no papel principal, mas tem ao seu lado um excelente coadjuvante: Adam Driver dá vida a Flip Zimmerman, um personagem-chave para que o plano de Ron dê certo.

Por trás da trama meio policial, meio dramática, meio engraçada, no entanto, mora o grande valor do filme. Spike Lee não nos deixa esquecer que os absurdos do passado podem se repetir no presente com muita facilidade. O encerramento do filme, quando ainda estamos meio zonzos de rir, é como um soco no estômago. Como baratas, os racistas e supremacistas brancos não morrem fácil, e podem estar por perto apenas esperando uma oportunidade para voltarem a atacar.

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Pontos fracos

Na ânsia por fazer um filme traçando paralelos entre passado e presente, Spike Lee muitas vezes opta por ser didático demais. Não dá muito espaço para que o espectador chegue às próprias conclusões: está tudo lá, bem mastigado, para ninguém esquecer que o David Duke (Topher Grace) do filme é o mesmo que apoia Donald Trump (e Jair Bolsonaro, vale lembrar).

John David Washington está correto como Ron, o personagem principal, mas acaba sendo engolido pelo talentoso Adam Driver, que conquistou uma merecida indicação ao Oscar.

Será que leva algum Oscar?

Das seis indicações que “Infiltrado na Klan”recebeu, talvez a melhor chance seja de ganhar “Melhor Roteiro Adaptado” – já premiado no BAFTA.

A primeira indicação de Spike Lee na categoria de Melhor Diretor pode servir para reparar uma injustiça histórica: em uma Academia bastante branca, ele já ganhou o Oscar honorário pelo conjunto da obra, mas não foi considerado como um dos melhores diretores nem por “Faça a Coisa Certa”, seu filme mais consagrado. A ver…

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