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Compartilhar fotos dos filhos na internet pode prejudicá-los no futuro?

Prática conhecida como ‘shareting’ reflete sobre o limite de exposição da imagem das crianças

Por Katia Keiko Matunaga
Atualizado em 27 ago 2019, 17h11 - Publicado em 27 ago 2019, 16h30

Quem nunca postou ou teve vontade de postar uma foto do seu filho nas redes sociais que atire a primeira pedra! A criança comeu, andou, falou, foi para escola pela primeira vez, fez aniversário, ganhou uma competição ou simplesmente fez uma graça ou uma carinha muito fofa! Como resistir?

Assim surge uma nova prática, o “shareting”. O neologismo, cunhado por um jornalista do “The Wall Street Journal”, combina a palavra “share” – compartilhar – com a palavra “parenting” – que se refere à função materna e paterna. Uma palavra nova para uma prática nova que gera novos contextos e desafios para pais e educadores.

O que é postado fica registrado para a posteridade e passa a fazer parte da vida digital das crianças. São as pegadas digitais deixadas pela narrativa dos adultos. Pais, professores e escolas registram e compartilham a vida das crianças, mesmo que elas não queiram, não gostem ou que se incomodem no futuro. Uma vez postado nas redes sociais, não há mais como controlar!

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Não sabemos os verdadeiros desdobramentos que nos aguardam, ainda há poucos estudos sobre o assunto. Vamos precisar acompanhá-los em curso para entender a forma como a prática está impactando essa geração. A questão é complexa e tem muitas camadas: passa pela invasão da privacidade das crianças, pelo conceito de intimidade que parece em crise diante de tanta exposição, pela segurança, pela pornografia infantil e até por questões jurídicas.

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Recentemente uma jovem brasileira de 19 anos processou empresas americanas que têm usado uma imagem dela quando criança. Na época, em uma viagem aos Estados Unidos, ela foi fotografada em uma limusine segurando uma taça de champanhe. Tratava-se de uma brincadeira familiar, mas a foto virou “meme”, viralizou e tem sido estampada em camisetas com a seguinte frase “Stupid Bitch Juice”, em uma tradução literal, “suco de vadia estúpida”. A jovem agora deu início aos trâmites para tirar sua foto de circulação e processar as empresas responsáveis.

Para além de questões como essa, é preciso refletir sobre o que estamos ensinando para as crianças quando postamos suas fotos e suas histórias sem o consentimento delas. Os limites entre a esfera do privado e do público estão em jogo.

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O fenômeno é novo e alguns estudos e pesquisas começam a ser desenvolvidos. Para quem tem o costume de postar fotos dos filhos, vale lembrar das regras básicas de segurança digital que podem ser consultadas em sites de empresas especializadas. Mas, sobretudo, fica aqui um convite para a reflexão sobre as postagens de crianças: A que elas se prestam? Para quem são importantes? Como será que essa criança vai se sentir em relação a essas imagens e histórias no futuro? De quem é o direito de escolher o que da sua vida se torna público?

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Essas perguntas devem ser feitas aos adultos e também às crianças. Precisamos juntar pistas e pensar sobre elas para agir cada vez com mais consciência. E, por fim, é preciso cuidado com algumas armadilhas do mundo das redes sociais, entre elas, aquela que nos captura de tal forma, que o valor do registro pode sobrepor o valor da experiência.

 

*Katia Keiko Matunaga é coordenadora pedagógica do ensino infantil da Escola Viva

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