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Saiba quais são as turbulências que afetam os relacionamentos atuais

Todo relacionamento está sujeito a turbulências ocasionais. Só que, às vezes, surgem embates aparentemente intransponíveis – como desavenças políticas, de objetivos e até financeiras. Quatro casais mostram como solucionaram a própria crise

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 27 out 2016, 21h18 - Publicado em 3 jun 2016, 14h31

Entre momentos alegres e briguinhas sem importância, está tudo bem no cotidiano do casal até que um problema põe a relação em cheque. Questões de saúde, queda do poder aquisitivo, diferenças ideológicas que, por algum motivo, começam a pesar… Está posta a instabilidade e, com ela, a possibilidade de ruptura ou, pelo contrário, de renascimento.

“Dizer que crise é risco e oportunidade não é lugar-comum, mas real”, afirma Sandra Salomão, terapeuta e professora de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. “Há as crises mais ou menos esperadas, como a adaptação ao nascimento do primeiro filho ou a saída dele de casa, e existem aquelas que pegam o casal de supetão, como uma doença ou até a morte de alguém próximo”, diz ela. Para ajudar a superar a fase delicada, a psicóloga Eliana Miranda, do Rio de Janeiro, especializada em relacionamentos amorosos, aconselha que ambos conversem e foquem no melhor modo de superar as diferenças sem ameaçar o que os une como casal.

“As mudanças vêm em nossa vida e com elas as crises – que podem ser chances para os parceiros analisarem a relação e agirem de maneira que atenda às novas necessidades e desejos que virão, independentemente de quanto tempo estão juntos. Essa dinâmica é que move os relacionamentos de modo saudável de tempos em tempos e fortalece os dois em suas individualidades”, garante Eliana. A seguir, casais que descobriram ou estão descobrindo laços de ternura em circunstâncias desafiadoras.

Amor no vermelho 

“Este ano tem sido muito difícil para mim e minha família. Sou gerente de marketing de um shopping, e meu marido, Carlos, é dono de uma empresa de pequeno para médio porte no ramo da construção. Mas, desde que essa crise se alastrou pelo país, os clientes dele evaporaram. Se antes ele faturava bem mais que eu, atualmente isso mudou. Estou arcando com a maior parte das despesas e tivemos que diminuir muitos gastos extras. O mais chato é que, pela primeira vez, tivemos que adiar os planos das nossas férias. Todos os anos viajávamos para o exterior juntos. Desta vez, íamos finalmente conhecer as Ilhas Maldivas, meu sonho! Também planejava mudar minha filha, que tem 7 anos, para uma escola bilíngue e com ensino mais reforçado. Vai ficar tudo para o ano que vem ou para quando isso passar. É claro que a falta de grana tem gerando muitos conflitos entre nós. Carlos tem se sentido desmotivado e triste, o que contribui para que nosso relacionamento fique péssimo. Há duas semanas, ele precisou demitir 25 funcionários para enxugar a folha de pagamento, e isso o deixou com a sensação de fracasso. Ele também está começando a acumular muitas dívidas pela empresa. Tento ao máximo dar força, mas sei quanto ele se sente impotente, ainda mais porque é muito machista e fica mal por ver a mulher arcar com a maior parte das despesas. A solução que encontramos, no momento, foi buscar um sócio para a empresa dele sair do vermelho e poder captar novos clientes. Depois de muita conversa, resolvemos falar com meu irmão, que tem uma boa situação financeira, e se mostrou disposto a entrar na sociedade até essa onda passar. Espero que dê certo.”
 
Giselle Vermont, 46 anos, publicitária, de São Paulo.

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Espelho, espelho meu 

“Quando completei 38 anos, me bateu a crise dos 40! Eu estava com o visual muito acabado e desleixado para a minha idade e decidi me cuidar mais. Queria me sentir mais bonita e desejada pelo meu marido. Então, resolvi cuidar da minha saúde e do meu corpo. E também da minha família, que não tinha bons hábitos alimentares. Sou casada há 18 anos com o Renan, temos dois filhos (um menino de 21 anos e uma menina de 16). Meu marido não só não malha como detesta se exercitar. E se alimenta muito mal: só come frituras e comidas pesadas – já está com pressão alta e sérios problemas cardíacos. Ele aparenta bem mais que 42 anos. Seu único prazer é a cerveja. Empresário, tem uma vida muito corrida e estressante, entendo. Mas tentei convencê-lo a se cuidar, até porque não quero ficar viúva tão cedo. Comecei a praticar musculação diariamente, cortei pizzas e sanduíches calóricos, que era só o que comíamos em casa até então. Até me prontifiquei a sempre fazer o almoço e o jantar. Precisava trocar a rabada de toda semana por uma saladinha, filé de frango grelhado, legumes… Tudo bem colorido para ver se eles aderiam à minha dieta e novo estilo de vida. Resultado: meu marido passou a comer na minha sogra, gerando um superconflito entre nós e um mal-estar ainda maior para a família. Ele alegava descaso por eu não mais fazer os pratos que ele tanto ama. Além de não aceitar meu convite para ir à academia, passou a sentir ciúmes. Implicava com a minha roupa, com o professor, com a minha alimentação… Persisti, mas nada de ele mudar seus hábitos ou ideias. Ao mesmo tempo, meu corpo foi ficando mais definido e minha saúde ótima. Um caminho que encontramos para amenizar os conflitos foi ele comprar vários aparelhos de ginástica para equipar nosso terraço. Ao menos assim não pode mais reclamar que saio toda hora para malhar, pois malho em casa. Espero sinceramente que, ao ver de perto que estou me cuidando, se identifique também. Quanto à alimentação, desisti. Não adianta!”
 
Renata Andrade, 41 anos, professora de inglês, de Vitória.

Na saúde e na doença

“Quase um ano após meu casamento, Gustavo, que sempre fora aventureiro e metido a fazer trilhas de moto, se acidentou e fraturou as duas pernas e um braço. Ele caiu de uma ribanceira, em uma trilha perto da fazenda dos meus pais, foi horrível. Por sorte, um amigo o encontrou e levou para o hospital. Temi muito que o pior acontecesse. Ele precisou de cirurgia em uma das pernas e só voltou para casa depois de 20 dias internado. Nesse retorno, tive que mudar completamente minha rotina para cuidar dele, que seguia com o braço imobilizado, uma das pernas engessada e a outra cheia de pinos e ferros. Ou seja, era impossível até mesmo ir ao banheiro sozinho, tomar banho, trocar de roupa… Passei quase nove meses nessa luta com o meu marido, dando até comida na boca. Ele, que sempre fora um homem superativo, já estava pra lá de irritado e cheio. Por querer voltar logo à vida normal, Gu passou a ser um pouco grosseiro comigo, exigindo que eu ficasse 24 horas ao lado dele, servindo sem reclamar. Nesse período, tive que deixar meu trabalho de lado. Sou advogada autônoma e não pude pegar mais processos. Eu vivia única e exclusivamente para ele. Mas me partia o coração cada vez que era rude comigo, especialmente na frente das visitas ou de nossos familiares. Eu fazia tudo para lhe agradar. Dediquei meu amor e paciência para amenizar sua dor e aquela situação acabar logo. Com isso, passamos a brigar muito. Minha paciência já estava se esgotando quando, aconselhada pela minha mãe, tomei a sábia decisão de contratar uma enfermeira. Ele não gostou, mas fui firme: ‘Ou isso ou vamos nos separar’. Depois do ultimato, voltei a trabalhar e ele foi parando de implicar comigo. Passar 24 horas juntos, com ele debilitado e reclamão, desgastou muito nossa relação. Que bom que demos a volta por cima! Hoje ele está bem (sem sequelas) e nós também.”

Morgana Dantas, 34 anos, advogada, de Belo Horizonte.

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Questão política

“Juntos há 11 anos, eu e José Augusto estamos casados há oito. Temos opiniões políticas diferentes, especialmente em relação ao cenário atual do país. Meus pais foram presos políticos da ditadura e também estão em lados opostos no espectro político. Outro dia, contei ao meu pai que meu marido e minha mãe brindaram ao impeachment da presidente Dilma e acabei deixando o José Augusto muito sem graça na frente do sogro. Nossos maiores embates surgem porque sou contra o impeachment e ele é a favor. Mas acho que as diferenças fazem parte de qualquer relação, o que nos resta é respeitar e lidar com elas. Nasci imersa na política, que era muito discutida em casa. Na infância, lembro que fui a comícios pelas Diretas Já com meu pai e, na adolescência, lutei pelo Fora, Collor. Sempre fui muito engajada. Desde que conheci meu marido, portanto, já pensava assim, mas o Zé não tinha essa visão empresarial tão forte na época em que namorávamos. Penso que sua família e seu trabalho (distribuição de medicamentos) o influenciam muito nesse ponto de vista de direita. Na última eleição, eu votei na Marina e na Dilma no segundo turno. Ele votou no Aécio. Até para não brigarmos, combinamos de nunca envolver nosso filho, de 3 anos, nessa disputa. Embora tenhamos opiniões contrárias, em época de eleição, não o vestimos com cores associadas aos candidatos de um ou de outro. Mais um acordo: cada um é livre para ir à manifestação que desejar, mas sem envolver nosso menino. E esse arranjo político-familiar tem funcionado! É claro que, sempre que surge oportunidade, um tenta convencer o outro de que a própria percepção política é a correta. Mas, acima de tudo, procuramos respeitar a opinião um do outro e não discutir exaustivamente para não estragar nosso casamento e provocar uma briga feia. Hoje em dia, temos até evitado falar no assunto e, quando assistimos TV juntos, nunca vemos notícias. E, assim, a paz reina aqui em casa.”

Ana Souza, 38 anos, psicóloga, do Rio de Janeiro.

Esta matéria foi escrita por Kizzy Bortolo. 

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