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Ódio a mulheres teria motivado autor de atropelamento em massa no Canadá

Entenda o que são os "incels", homens que pregam a punição de mulheres (leia-se estupro e morte), com a justificativa de que elas os rejeitam sexualmente.

Por Júlia Warken
Atualizado em 16 jan 2020, 15h01 - Publicado em 25 abr 2018, 13h07
Alek Minassian, principal suspeito do atentado, é adepto da ideologia dos "incels" (LinkedIn/Reprodução)
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Na última segunda-feira (23), um atropelamento em massa matou 10 pessoas e deixou 15 feridas em Toronto, no Canadá. O principal suspeito do crime chama-se Alek Minassian, canadense de 25 anos, e as autoridades já descartaram a hipótese de ataque terrorista.

Um suposto transtorno mental está sendo atribuído a Alek, mas os desdobramentos da investigação indicam que o homem foi motivado pelo ódio às mulheres.

Alek é adepto da ideologia dos incels, palavra que ainda não tem tradução em português e que é pouco conhecida até mesmo por quem tem o inglês como primeira língua. Como explica o New York Times, incels são homens que desenvolvem um enorme ódio pelas mulheres, sob a justificativa de que são constantemente rejeitados por elas.

Na segunda-feira, Alek fez um post no Facebook em que reverencia Elliot Rodger, homem que tornou-se notório entre os incels por matar seis pessoas em 2014. Na época, Elliot postou um vídeo nas redes sociais em que diz que iria se vingar dos ChadsStacys – que é como os incels chamam os homens que conseguem ficar com várias mulheres e as mulheres bonitas pelas quais o grupo se sente rejeitado. O perfil de Alek no Facebook, bem como o post em questão, já não estão mais disponíveis.

No mundo inteiro, a grande maioria das pessoas jamais havia ouvido falar dos incels, mas Alek e Elliot definitivamente não estão sozinhos nesse grupo. Os incels costumam se comunicar através do Reddit, uma rede social que não é exatamente popular no Brasil, mas tem grande apelo no exterior.

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Em novembro de 2017, o Reddit tirou de circulação uma comunidade de incels, por conta da propagação de mensagens de ódio. O grupo em questão contava com 40 mil membros.

Além da vingança aos ChadsStacys, essa comunidade também defendia o estupro como forma de “fazer justiça”. E obviamente continua defendendo, porque quando uma comunidade dessas é banida de alguma rede social, outras vários são criadas cinco segundos depois.

Tomar conhecimento sobre um grupo de 4o mil homens se unindo em torno da ideia de que as mulheres não têm o direito de negar sexo e que precisam ser punidas por isso é algo assustador, mas não é nem um pouco surpreendente. E esses não são apenas garotinhos verborrágicos, desses que passam a tarde tomando Toddynho em frente ao computador – como muitos gostam de pensar. Elliot Rodger matou seis pessoas, Alek Minassian matou dez.

E ainda tem gente achando que falar sobre misoginia já cansou.

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