O desenvolvimento dos pais
Ter, criar e educar filhos leva os adultos a passar por várias fases e a crescer emocionalmente com a criança
O desenvolvimento na vida dos pais é dividido em diferentes etapas. Em cada uma delas, a emoção e a energia intelectual está voltada para determinada questão
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Existe muita informação sobre o crescimento da criança, mas fala-se pouco sobre os pais. Será que eles mudam com o decorrer dos anos? Será que passam por estágios de evolução? Pesquisando respostas a essas perguntas, a educadora americana Ellen Galinsky formulou uma teoria sobre o assunto.
Em seus estudos, Ellen observou que os relatos dos pais sobre os eventos da vida familiar continham expectativas sobre como as coisas poderiam ser e como eles e os filhos deveriam agir. Para a pesquisadora, essas idealizações são usadas pelos adultos como medida de sucesso ou fracasso no papel de pais. Se tudo dá certo, surge a satisfação. Mas, se uma imagem não se realiza, vem a sensação de perda.
O crescimento ocorre quando os pais modificam uma idealização para estar mais de acordo com a realidade ou mudam de comportamento para alcançar os propósitos. A fixação rígida a uma imagem que está em conflito com a realidade pode gerar problemas. Por exemplo, pais que esperam que o bebê seja tolerante e amável vão se desapontar quando ele não agir dessa forma. Essa imagem precisa mudar, porque a decepção gera angústia no adulto.
O desenvolvimento na vida dos pais é dividido em seis etapas. Em cada uma delas, a emoção e a energia intelectual está voltada para determinada questão. Pais com filhos em idades diferentes vivem várias etapas ao mesmo tempo.
1. Formação da figura
Ocorre durante a gravidez. O homem e a mulher imaginam o tipo de pais que desejam ser. Eles se preparam para as mudanças internas e na relação com o parceiro.
2. Nutrição
Do nascimento até a criança começar a dizer “não”: Os pais comparam o bebê idealizado com o real e o próprio desempenho como pais. A ligação afetiva com o filho traz questões do tipo: “Quais são minhas prioridades?” “Como dosar a atenção ao bebê com outros aspectos da vida?”
3. Autoridade
Dos 2 aos 5 anos: a preocupação é com as formas de exercer a autoridade sobre os filhos. Quais serão as regras? Quando e como fazer para cumpri-las?
4. Explicações
Dos 5 aos 13 anos: o mundo da criança se amplia. Os pais avaliam como estão ajudando a desenvolver o autoconceito dos filhos e pensam em como explicar a realidade. Eles procuram analisar que conhecimentos, habilidades e valores querem passar.
5. Interdependência
Adolescência: as questões de autoridade voltam à tona. Que tipo de limite impor? É o momento de criar soluções e estabelecer uma relação diferente com os filhos quase adultos.
6. A partida
Quando os filhos saem de casa: chegou a hora de analisar o que deu certo ou errado no papel de pais e avaliar se conseguiram construir o tipo de relação que desejavam com os filhos.
Compreender o desenvolvimento do papel de pais não vai evitar as dúvidas, angústias e alegrias que acompanham o crescimento dos filhos. Quando as coisas não vão bem, Ellen Galinsky recomenda examinar as expectativas: “O que eu gostaria que acontecesse? Será que minhas idealizações são realistas?” Se a resposta for positiva, procure formas construtivas de atingi-las. Caso contrário, busque substituí-las por outras alcançáveis. Rever os sonhos pode tornar a criação dos filhos mais satisfatória, e todos se beneficiam.