Moda consciente: Estilista paulista cria marca vegana de vestidos de noiva
Vegana há 2 anos, Renata Buzzo percebeu que não conseguiria trabalhar em algo que não estivesse de acordo com seu estilo de vida e decidiu lançar sua própria marca. Hoje, foca em uma produção sem materiais como pérolas naturais e botões de ossos.
Em suas produções, Renata Buzzo não utiliza seda, botões de ossos, chifres ou pérolas naturais
Fotos: Guto Mori/Divulgação e Júlia Rodrigues
A estilista Renata Buzzo, 27 anos, mostrou seu gosto e aptidão por moda muito cedo. “Aos 6 anos eu já desenhava e, ainda na época da escola, emprestava roupas para minhas amigas”, conta.
Quando terminou o colégio, naturalmente seguiu para alguns cursos na área e, depois, para a faculdade. A maior influência era a avó paterna, Lydia. “Ela era apaixonada por roupas e sapatos. Passávamos horas em sua casa vendo o que ela comprava e falando sobre o assunto”, lembra. Ao se formar, Renata fez entrevistas em algumas grifes conceituadas, mas percebeu que não era sua praia. Ela queria algo que fosse ao encontro de seu estilo de vida.
Renata é vegetariana desde 2006 e tornou-se vegana (não come nenhum produto de origem animal) há dois anos. “Aprendi desde criança a amar e respeitar os bichos. Comecei a achar incoerente ter um apreço tão grande e mesmo assim consumi-los. Aí fui conhecer o processo industrial de alguns alimentos e fiquei impressionada com a crueldade envolvida”, diz.
Seus valores foram fortalecidos ainda mais após um episódio durante o estágio obrigatório da faculdade: “Tive que recortar carcaças de coelhos para aplicar em algumas produções. Fiquei acabada e concluí que, por mais que eu amasse a minha profissão, se não estivesse de acordo com as minhas convicções e ideologias, não seria feliz.” Renata se espantou ao saber, por exemplo, que para produzir 1 quilo de seda são necessários 3 mil casulos com lagarta.
Assim, em 2013, nasceu a marca Renata Buzzo, especializada em vestidos de festa e, principalmente, em figurinos de noiva. A maior incentivadora, a avó, faleceu antes de ver a neta abrir o primeiro ateliê, no começo deste ano. Mesmo muito abalada, a estilista decidiu fazer a coleção de inauguração inspirada nela, com referências do seu guarda-roupa e das décadas de 1930 e 1950. “Minhas criações têm um perfume vintage e são 90% manuais”, define.
Para confeccionar seus vestidos, Renata utiliza tecidos como crepe, tule e muitas variações de algodão e linho. “Não uso seda, botões de ossos, chifres ou pérolas naturais. Se tenho sobra de algum material, sempre reaproveito, nem que seja em um arranjo de cabelo.”
Ao mesmo tempo, confessa que ser cem por cento sustentável é uma utopia. “Para o algodão chegar até mim, ele precisa ser transportado. De algum modo, estarei poluindo. O que tento é amenizar ao máximo o meu impacto na natureza.”
O compromisso também continua no dia a dia. Ao levar um estilo de vida mais responsável e sustentável, ela evita comprar roupas e utensílios da China, país com fiscalização ambiental fraca e onde ainda há trabalho em condições de exploração do ser humano. “Acredito que, se cada um se interessar em saber mais sobre o processo industrial das coisas, haverá um entendimento de que o consumo deve ser feito de forma mais consciente”, defende.