Matando um leão por dia
Dificuldade nenhuma é capaz de frear uma mulher corajosa e cheia de garra. Trabalhar, criar filhos e aguentar grosseria... Isso é ser guerreira!
Estou escrevendo esta coluna domingo à tarde, Dia Internacional da Mulher. Estou sozinha, e é um domingo quieto. Já choveu muito, graças a Deus, porque, como sabe a cara leitora, São Paulo está seco como o Saara. Agora cai uma chuva mansa sobre a terra, temperatura amena, tão gostosa que parece colo de mãe. Uma preguiça morna me faz quase cochilar. Mas Cléber Machado berrou no televisor do meu vizinho e me chamou para o trabalho.
Como na música Cuanto Trabajo (que quer dizer “quanto trabalho”), cantada por Mercedes Sosa: “Quanto trabalho para uma mulher saber/ficar sozinha e envelhecer!” Amargo? Não. Para quem se gosta, a solidão pode ser uma benção. Como para essas mulheres que batalharam corajosamente, criaram sozinhas seus filhos, com dignidade, e conseguiram fazer deles homens e mulheres de bem. Legítimas guerreiras, porque, para mim, para ser chamada de guerreira precisa ter uma história verdadeira e de honrada luta. Não é qualquer periguete que me comove com sua historinha vira- lata! Mulheres como minha mãe, e centenas delas neste Brasil, lutando na lavoura, no metrô lotadíssimo, sendo desrespeitadas por homens cafajestes (que ainda acham que mulher é coisa), criando os filhos dos outros como babás, faxinando, lutando… Enfim, eu te ofereço neste teu dia a mansidão desta tarde.