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Masturbação infantil: como lidar com a sexualidade da criança

A maioria dos pais não sabe bem como agir ao flagrar a criança manipulando os órgãos genitais. Essa prática é fruto de uma curiosidade saudável e fundamental para sua maturidade sexual.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 03h22 - Publicado em 28 jul 2014, 22h00

Foto: Getty Images

A professora de inglês Maria Clara* entrou na sala de TV e respirou fundo ao ver os filhos Aninha*, 3 anos, e Rafael*, 6 anos, mexendo nos próprios órgãos genitais enquanto assistiam a um desenho animado. Retomou o fôlego e, sem demonstrar surpresa, comentou: “Oi, criançada, tá gostoso isso aí, né? Mas vocês estavam no quintal e aposto que não lavaram as mãos. Para mexer na perereca ou no pipi a gente tem de estar com a mão limpa, senão pode infeccionar. Que tal tomar um banho e depois continuar com essa brincadeira?” Os dois concordaram, pararam de se masturbar, mas adiaram o banho para o final do desenho.

“A conduta dessa mãe foi perfeita”, analisa a educadora sexual Carla Zeglio, do Instituto H. Ellis, que pesquisa sexualidade em São Paulo. “Ela não reprimiu nem fingiu que não estava acontecendo nada – o que revelaria medo de tocar num assunto tão importante como a descoberta do corpo. Quanto mais natural for a reação dos pais, mais saudável será a relação dos filhos com a sexualidade.”

Segundo ela, a masturbação é o primeiro movimento infantil na busca do prazer sexual. A área genital, por ser pouco tocada, é mais sensível à caríciae, por volta dos 2 anos, a criança descobre isso. Manipular a vagina ou o pênis é uma experiência à qual ela recorre porque proporciona uma sensação gostosa.

Muitos pais se assustam, pois imaginam que a sexualidade infantil se assemelha à do adulto. “Embora pesquisas comprovem que crianças chegam ao orgasmo, ele não tem a mesma intensidade que o nosso. Quem reprime a masturbação provavelmente foi reprimido e educado dentro de um modelo em que prevalecia a culpa. Atribui à manipulação genital uma carga erótica que não existe”, explica Carla. Essa relação com o corpo persiste até a pré-adolescência, quando meninos e meninas, com as sensações mais apuradas, já vêem a masturbação como fonte de prazer sexual.

Respeito à privacidade

Se reprimir as crianças atrapalha seu desenvolvimento sexual, deixar que se masturbem em qualquer lugar cria problemas para todos. “Não colocar limites éum erro que alguns pais, ansiosos por parecer liberais, acabam cometendo. Por ser um ato de intimidade, a masturbação tem de ser praticada no quarto. A gente não faz sexo em público, faz? Pais que não conversam com a criança sobre esse aspecto também a prejudicam. Ela vira uma desajustada social. Vai à casa da tia mexendo no genital, faz o mesmo na escola e na sala cheia de visitas”, alerta a educadora.

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A atitude de Maria Clara, também nesse ponto, foi sensata. Explicou, separadamente, a Aninha e a Rafael que os órgãos genitais são uma parte do corpo como outra qualquer, que aquela brincadeira podia ser feita sempre que quisessem, mas no quarto e com a porta fechada, sem ninguém por perto. “Essa mãe sempre terá a confiança dos filhos e pode bater na porta sem constrangimento para perguntar o que estão fazendo”, diz Carla.

Ela afirma que no Instituto H. Ellis nunca apareceu um caso de masturbação infantil compulsiva: “Tem gente que fantasia pensando que a criança, porque tem o consentimento para se masturbar, passará a tarde inteira fazendo isso. Mas a criança bem orientada tem interesses variados e dará uma resposta honesta quando se pergunta o que está fazendo. Num momento estará brincando de boneca, em outro vai estar lendo ou, mesmo, manipulando o genital”.

O comportamento de Aninha, no final do dia em que foi flagrada com a mão dentro da calcinha, comprova a leveza com que as crianças encaram o assunto. Ela jantou, saiu da mesa e anunciou para a família: “Bom, agora vou escovar os dentes, lavar a mão e brincar com a minha perereca lá no quarto, tá?” Os pais contiveram o riso, consentiram e, 10 minutos mais tarde, verificaram que Aninha se esquecera da história. Dormia profundamente, abraçada ao seu ursinho de pelúcia.

O que não fazer

· Fingir que não viu e não falar nada.

· Tirar a mão da criança do genital disfarçadamente.

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· Tentar distraí-la com outra atividade para que não tenha tempo de mexer em seu corpo. Não vale propor: “Vamos ver televisão, brincar de boneca?”

· Ameaçar a criança: “Se fizer isso de novo, vou te dar um tapa”.

· Inventar histórias: “Se continuar mexendo no pintinho sua mão vai ficar peluda” ou “quando você crescer vai ter muitas espinhas”.

· Fazer chantagem: “Se você não mexer mais aí, vamos tomar sorvete!” A barganha nunca deve ser usada para modificar o comportamento.

* Nomes trocados para preservar a privacidade dos entrevistados
 

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