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“Fui abusada pelo meu tio quando criança e não consegui namorar até hoje”

A leitora Juliana* nunca teve coragem de contar para a família e convive com seu abusador. Ela deseja se libertar da história

Por Da Redação
Atualizado em 20 ago 2020, 16h38 - Publicado em 2 ago 2020, 09h00

“Pela primeira vez na vida, após não sei quantos anos (mais de dez, com certeza) tentarei colocar em palavras tudo o que aconteceu comigo. Nunca verbalizei ou escrevi sobre isso. Na verdade, contei para meu melhor amigo no Natal passada. Eu estava bêbada. Ele respondeu que o melhor era eu continuar quieta. Mas depois dos relatos que vi em CLAUDIA, pensei em contar. Para que pudesse tirar isso de mim, desabafar. Já estava na cama, deitada no escuro, com as lágrimas escorrendo quando criei coragem. Levantei e peguei o celular. Obrigada por esse espaço, me senti ouvida.

Eu não lembro bem com qual idade começou e nem como parou. Eu vivi anos tentando entender por que não conseguia transar direito, me entregar, me concentrar. Até que comecei a ler casos, notícias. Isso foi recentemente. Aí tudo se clareou.

Fui abusada pelo meu tio, irmão do meu pai, quando criança. Nunca houve penetração, mas ele me masturbava. Dá ânsia só de pensar. Eu devia ter uns 8, 9 ou 10 anos. Não sei como começou. Eu não tinha reação, ficava imóvel. Não conseguia entender aquilo. Eu me sufocava com meu próprio grito. Eu me sentia entalada.

Perdi a virgindade com 13 anos e me arrependo mortalmente até hoje. Não foi nenhum amor. Era um amigo que queria transar. Até hoje realmente não sinto nada. Sinto todo o tesão das preliminares, mas quando vai começar a parte da penetração, esquece. Eu travo. Pareço uma boneca inflável versão humana. Hoje tenho 29 anos, nunca namorei, e continuo não conseguindo me aprofundar em um relacionamento. Já fiz uma bateria de exames hormonais: tudo em perfeito estado.

Graças a Deus, esse tio mora em outro estado. Evito bem a convivência. Só o vejo no Natal. Meus pais acham que fico pouco com a família porque sou da festa. O que me deixa mais perplexa é que ele nunca ele se mostrou arrependido. Se eu não tivesse lembrado de tudo há uns três anos, ainda conviveríamos normalmente.

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Ele tem um filho de 10 anos, que amo e sou apegada. Mas não consigo conviver muito, porque o pai está sempre por perto. Às vezes, ele liga, manda mensagem e eu ignoro. Já tive muita vontade de contar. Penso: ‘Dane-se, é minha vida, minha felicidade depende disso, preciso contar’. Só que tenho medo. Meu irmão é tenente da polícia, meu pai é ex-militar e tem posse de arma e meu tio é policial civil. A chacina está feita.

Minha avó acredita na tradicional família brasileira e acha que os filhos são perfeitos. Ela está prestes a completar 80 anos e ainda é bem lúcida. Fico pensando na culpa que vou gerar em todo mundo se contar. Imagina minha mãe e minhas tias pensando: ‘como eu não percebi?’. Prefiro guardar só pra mim, mas justo eu, que sou conhecida por não levar desaforo para casa. Sou tão sincera em tudo: minhas amizades, questões profissionais. Só nesse assunto que não consigo. E nem comigo mesma. Eu mereço ser feliz, eu mereço ser leve, eu mereço sentir prazer em cada centímetro do meu corpo, eu mereço aprender a amar e ser amada! Obrigada por fazerem com que eu me sentisse à vontade para escrever e me abrir.”

A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.

*Nome mudado a pedido da personagem

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